Segunda-feira, 04 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 3 de agosto de 2025
O impacto da tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros pelo governo de Donald Trump será, potencialmente, mais dramático para um grupo significativo de pequenas e médias empresas do País. Às vésperas da entrada em vigor da nova taxa, esse universo de companhias exportadoras navega num gigantesco e turbulento mar de incertezas, informam Cristiane Barbieri, Daniel Weterman, Márcia de Chiara e Luiz Guilherme Gerbelli. São empresas que não fazem parte das grandes corporações e não têm associações influentes que as defendam. Muitas investiram por anos a fio para conquistar a confiança dos exigentes clientes americanos e dependem essencialmente dos Estados Unidos para sobreviver. Em geral, têm pouca flexibilidade para buscar novos mercados para seus produtos.
Quando o governo americano anunciou oficialmente, na quarta-feira, que as exportações brasileiras teriam uma taxa extra de 40% (além dos 10% que já estavam em vigor), mas que havia uma lista de quase 700 itens que ficariam de fora desse tarifaço, as reações foram mistas. Quem ficou de fora suspirou aliviado. Quem não escapou voltou imediatamente às conversas com o governo, com seus compradores americanos, com seus assessores, para tentar pressionar o governo de Donald Trump a ampliar essa lista de exceções – e incluir nela o que eles produzem.
Para um grupo bastante grande de empresas, porém, não restou outra alternativa senão entrar em desespero. São as pequenas e médias, que não fazem parte das grandes corporações e não têm associações influentes que as defendam. Muitas investiram por anos a fio para conquistar a confiança dos clientes americanos, em um dos mercados de consumo mais disputados do mundo, e dependem essencialmente dos EUA para sobreviver. Em geral, têm pouca flexibilidade para buscar novos mercados para seus produtos. Nesse momento, navegam num gigantesco e turbulento mar de incertezas.
Na avaliação do ex-secretário de Comércio Exterior Welber Barral, os efeitos gerais do tarifaço de Trump na economia brasileira nem devem ser tão fortes assim, pelo fato de o País ser extremamente fechado ao comércio externo. Mas o impacto poderá ser devastador para as médias e pequenas empresas de alguns setores, que têm nos Estados Unidos o seu principal mercado.
Apesar de as tarifas só entrarem em vigor oficialmente no dia 6, algumas dessas empresas já têm sentido os efeitos. Em Bituruna (PR), uma pequena cidade de 15 mil habitantes a 321 quilômetros de Curitiba, a maior empresa do município é a Randa, fabricante de portas, molduras e compensados de madeira que vende para os Estados Unidos.
A economia da cidade depende totalmente da companhia, muito impactada pelo tarifaço, uma vez que vende mais da metade da produção para os EUA. A fábrica emprega 800 funcionários e estima que 80% da economia do município esteja atrelada à indústria, somando os empregos diretos e indiretos, fornecedores e o consumo no comércio local.
Antes mesmo de o decreto de Trump ser publicado, 150 funcionários já haviam entrado em férias coletivas, apenas com a carta do presidente americano anunciando a taxação, em 9 de julho. As cargas enviadas nos últimos dias ficaram paradas no Porto de Paranaguá e estão lá até hoje, pois os clientes americanos mandaram esperar até ter certeza de quais produtos seriam impactados pela sobretaxa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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