Sexta-feira, 01 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 31 de julho de 2025
Pelo menos até a próxima mudança de rumo de Donald Trump, a taxação de 50% não vai mais ser de 50% para quase 700 produtos. Mas o fato é que a simples ameaça do tarifaço já produziu muita preocupação, prejuízos grandes e uma confusão histórica nas relações comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos. A tal ponto que economistas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) se dedicaram a projetar os diferentes níveis de impacto desse tarifaço em cada uma das regiões brasileiras.
Em um país tão grande e diverso como o Brasil, cada região tem um perfil próprio na cadeia produtiva. No Sudeste, temos a maior parte das grandes indústrias — o aço, o petróleo. O Nordeste é um grande produtor de frutas, mel, pescado. No Centro-Oeste, o agronegócio. E a distribuição das nossas exportações para os Estados Unidos segue esse roteiro.
Por isso, a lista de produtos que entraram na taxação de 50% trouxe muita preocupação para algumas economias locais.
O Piauí, por exemplo, produz a maior parte do mel exportado para os americanos. O apicultor José Claro de Souza, que produz mel no sul do Piauí, já começou a sentir os efeitos mesmo antes da taxação:
“Eu estava pensando que a gente ia vender em torno de R$ 18, R$, 18,50 o quilo. E hoje recebi a notícia que estão começando a comprar a R$ 15 nas empresas. Mas se continuar pelo menos a R$ 15, ainda vai. Se diminuir mais que isso, aí fica inviável da gente trabalhar.”
Já no Estado do Rio de Janeiro, o principal produto exportado — o petróleo — escapou do tarifaço. Mas o aço, o segundo mais importante, já vem sendo taxado em 50% desde junho.
“O fato de a indústria do petróleo não ter sido atingida é muito importante, porque a economia do Rio de Janeiro tem dependência de algo em torno de 60% do petróleo”, comenta Luiz Césio Caetano, presidente da Firjan.
O tarifaço de Donald Trump não terá o mesmo peso para todas as regiões do país — e poderá aprofundar desigualdades. É o que mostra um estudo da Fundação Getúlio Vargas.
Esse impacto vai depender, por exemplo, do quanto as exportações para os Estados Unidos representam para a economia de cada estado, do tipo de bem que é exportado e até do nível de qualificação da mão de obra.
O estudo mediu os possíveis efeitos sociais e econômicos negativos nas cinco regiões:
No nordeste, o risco foi considerado alto a muito alto, por causa da concentração de mão de obra e de produtos primários como frutas e o camarão. No Norte, risco alto. A região exporta de produtos vegetais a eletrônicos e motocicletas.
Na região Sul, que envia móveis, carnes suína e de aves, o risco é médio. No Sudeste, que concentra a maior parte das exportações — de aviões a café e suco de laranja, é de baixo a médio. Além disso, é uma região mais industrializada e alguns de seus principais produtos saíram da lista do tarifaço.
O Centro-Oeste, que vende carnes, grãos e minérios, e os parceiros comerciais são mais diversificados, foi classificado pela FGV como de baixo risco. Isso porque os países parceiros comerciais são mais diversificados.
O autor do estudo diz que os estados mais afetados precisam buscar novos mercados — e que o governo deve ter políticas de incentivo diferentes para cada região.
“O Brasil precisa, sim, cada vez mais, por um lado, ampliar seus parceiros comerciais; por outro, diversificar sua base de produção. Isso dá um colchão, uma segurança maior, para nossa pauta de exportação não estar suscetível a eventos como esse — tarifas, mas também guerras ou outros problemas que afetem diretamente a nossa economia”, destaca o pesquisador da FGV IBRE, Flávio Ataliba Barreto.
(Com informações do portal de notícias g1)
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