Segunda-feira, 14 de Julho de 2025

Home Política Tarifaço de Trump: Lula aproveitou a oportunidade para tentar tirar da direita a bandeira do patriotismo

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A crise gerada pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros reacendeu um debate que vinha ganhando força nos bastidores: a tentativa de tirar da direita a bandeira do patriotismo. Lideranças políticas e empresariais do agronegócio começaram a questionar publicamente o custo de um alinhamento automático com figuras como Donald Trump, especialmente quando medidas unilaterais impactam diretamente a soberania nacional.

Integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária, o deputado Fausto Pinato (PP) afirmou que a reação ao tarifaço não é uma questão de ideologia, mas de defesa do País. “O Brasil precisa estar em defesa permanente de sua economia e do nosso povo. Agir de modo isolado ou inconsequente é um erro que pode ser imperdoável, com danos difíceis de serem corrigidos”, reforçou o deputado Zé Vitor (PL-MG), da bancada do agro e do partido de Jair Bolsonaro.

O tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com a imposição de sobretaxa adicional de 50% sobre os produtos brasileiros, colocou o agronegócio em choque com o bolsonarismo. O setor, que é historicamente aliado ao ex-presidente Bolsonaro, agora enfrenta um impasse delicado.

Empresários e políticos do ramo se veem numa verdadeira encruzilhada: precisam contestar a medida tomada por Trump, mas sem reconhecer abertamente as digitais do bolsonarismo no movimento que ameaça causar prejuízos significativos à economia do campo. Isso ocorre porque o alinhamento com a direita, nos últimos anos, sempre foi tratado como uma espécie de blindagem ideológica — agora colocada à prova.

Esse dilema vai testar a solidez da relação do setor com o ex-presidente e até com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontaram lideranças empresariais e políticas do agronegócio. Ambos têm no agro uma base política importante e esperava-se que atuassem de forma mais pragmática nas relações com os Estados Unidos.

O representante de uma entidade do agronegócio destacou o peso do setor na eleição de Bolsonaro. Lembrou que, em 2022, ele venceu Lula em 77 dos 100 municípios mais ricos do agronegócio brasileiro. “Não é pouca coisa. O agro colocou Bolsonaro no segundo turno e ainda garantiu apoio expressivo mesmo após sua derrota”, afirmou.

Parte do empresariado se dizia convencida de que a direita saberia preservar os interesses do setor. Porém, o gesto de Trump abalou essa expectativa e trouxe à tona o risco de um prejuízo econômico real. Ainda assim, integrantes da cúpula do PL minimizaram a crise e apostam que o mais prejudicado será o presidente Lula.

Um representante de alta interlocução nas estratégias do PL disse que trabalha com dois cenários. No primeiro, o tarifaço gera problemas econômicos, alta do dólar e dos juros, mais inflação, e o governo Lula fica com o ônus. No segundo, se essa narrativa não funcionar, Bolsonaro entra em campo e aparece como “salvador da pátria”, para dialogar com Trump. (Sergio Denicoli/O Estado de S. Paulo)

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