Quarta-feira, 30 de Julho de 2025

Home Economia Tarifaço de Trump: ministro Fernando Haddad diz que os Estados Unidos querem conversar, mas prepara plano para proteger empregos

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nessa terça-feira (29) que há sinais de que o governo dos Estados Unidos está aberto a discutir o chamado tarifaço. Se nada for alterado, a medida anunciada pelo presidente americano Donald Trump resultará na imposição de uma sobretaxa de 50% às importações brasileiras, valendo a partir desta sexta-feira (1º).

“O Brasil nunca abandonou mesa de negociação. Eu acredito que, nesta semana, já há algum sinal de interesse em conversar. E há uma maior sensibilidade de algumas autoridades dos Estados Unidos de que, talvez, tenha se passado um pouquinho e, que, queiram conversar. Alguns empresários estão fazendo chegar ao nosso conhecimento de que estão encontrando maior abertura lá”, disse Haddad a jornalistas.

Enquanto busca levar adiante as negociações com o governo norte-americano, o ministro afirmou que o Executivo prepara um plano de contingência no caso de o tarifaço dos EUA ser, de fato, adotado.

“Estamos muito confiantes que preparamos um trabalho que vai permitir ao Brasil superar esse momento. O evento externo não foi criado por nós, mas o Brasil vai estar preparado para cuidar das suas empresas, dos seus trabalhadores, e ao mesmo tempo se manter permanentemente na mesa de negociação buscando racionalidade, buscando respeito mútuo”, acrescentou o ministro da Fazenda.

Questionado por jornalistas se a área econômica considera adotar um plano de proteção ao emprego, nos moldes do que aconteceu na pandemia da covid — quando o governo pagava parte ou mesmo a íntegra de salários de empregados do setor privado e, em troca, as empresas deveriam garantir por algum tempo a manutenção destas contratações — Haddad afirmou que essa é uma opção que está na mesa.

“Dentre os vários cenários, há lei que estabelece esse tipo de… [programa]. Mas não sei qual o cenário que o presidente vai optar, por isso que eu não posso adiantar as medidas que vão ser adotadas por ele. Como são vários cenários, todo tipo de medida cabe em algum deles. Mas quem vai decidir a escala, o montante, a oportunidade, a conveniência e a data é o presidente [Lula]”, afirmou Haddad.

De acordo com a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), o aumento das tarifas de importação dos EUA sobre produtos brasileiros pode impactar cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para o mercado norte-americano. Essas empresas empregam, juntas, aproximadamente 3,2 milhões de pessoas no Brasil.

Tarifaço

No dia 9 de julho, Trump publicou uma carta endereçada ao presidente Lula (PT) anunciando a aplicação de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos. Ele justificou a medida com argumentos políticos e comerciais.

No dia 23, o presidente dos EUA disse que aplicou tarifas de 50% a países com os quais o relacionamento “não tem sido bom”.

Embora não tenha sido citado diretamente, o Brasil está entre eles. Segundo Trump, o objetivo é pressionar outros países a abrirem seus mercados.

No último domingo (27), o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou que as tarifas impostas pelo país entrarão em vigor no dia 1º de agosto, “sem prorrogações”.

Alteração

O ministro Haddad também afirmou que, em sua visão, o prazo para início do tarifaço, esta sexta-feira, pode ser alterado. Ou pode ter início e, depois das negociações com os EUA, haver um recuo na sobretaxa de 50% por parte dos norte-americanos.

“Eu não sei se vai dar tempo até o dia 1º [de concluir as negociações]. Mas o que importa não é essa data. Não é uma data fatídica. É uma data que pode ser alterada por eles, pode entrar em vigor e nós nos sentarmos e rapidamente concluirmos uma negociação. Mas está ficando mais claro agora os pontos de vista do Brasil em relação a alguns temas, que não eram de fácil compreensão por parte deles”, disse Haddad.

Conversa

Fernando Haddad declarou, ainda, que não há obstrução dos canais de diálogo entre os governos brasileiro e dos Estados Unidos. Ele confirmou que pode haver uma conversa direta entre os presidentes Donald Trump e Lula, que já está sendo precedida por tratativas oficiais entre as nações.

“É papel nosso, dos ministros, azeitar os canais, para que a conversa, quando ocorrer, seja mais dignificante e edificante possível. não seja uma coisa, como aconteceu, vocês presenciaram varias conversas que não foram respeitosas. Tem de haver uma preparação antes para que seja uma coisa respeitosa, para que os dois povos se sintam valorizados à mesa de negociação. Não haja um sentimento de vira-latismo, de subordinação. Preparar isso é respeito ao povo brasileiro”, acrescentou o ministro.

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