Domingo, 05 de Outubro de 2025

Home Brasil Tarifaço de Trump pode fechar até 618 mil vagas de emprego no Brasil

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O tarifaço de Donald Trump sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos compromete a manutenção de mais de 618 mil empregos no Brasil em dez anos, de acordo com estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Com empresas ligadas à indústria como as mais atingidas, a estimativa é de que a medida traga perdas para a economia, efeitos negativos na massa salarial, nos empregos e no consumo das famílias, impactando não apenas as empresas que vendem para os EUA, mas toda uma cadeia econômica nas regiões afetadas.

Os Estados Unidos passaram a cobrar uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, incluindo máquinas e equipamentos, café, carne, madeira, armas e calçados. Alguns itens foram isentos da cobrança, como petróleo, aviões e suco de laranja.

O Brasil exportou US$ 40,4 bilhões aos Estados Unidos em 2024, 12% do total exportado. Os produtos brasileiros que serão taxados somaram aproximadamente US$ 22,2 bilhões em exportações, 54,9% do conjunto vendido aos americanos.

De acordo com o estudo, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode sofrer uma queda de 0,22%, equivalente a R$ 25,8 bilhões, no curto prazo, de um a dois anos, e uma perda de 0,94%, de R$ 110 bilhões, no longo prazo, de cinco a dez anos. O impacto compromete mais de 146 mil postos de trabalhos formais e informais no curto prazo. No período mais longo, o número de empregos ameaçados ultrapassa 618 mil.

Os setores mais afetados no curto prazo são siderurgia e aço sem costura (com queda de 8,11% no faturamento e de 8,08% nos empregos), produtos de madeira (-7,12% e -6,69%), e fabricação de calçados e de artefatos de couro (-3,07% e -2,44%).

“A cesta de produtos exportados aos Estados Unidos tem um valor agregado maior, com um nível maior de transformação. São produtos mais manufaturados. Por isso, a taxação tende a impactar mais a indústria do que os demais setores”, diz o economista-chefe da Fiemg e um dos autores do estudo, João Gabriel Pio. “O impacto agregado no PIB é relativamente modesto, mas há um impacto maior a nível setorial. As empresas que dependem dos Estados Unidos e não estão isentas podem até fechar as portas.”

As empresas já sentiram os impactos e começaram a se adaptar. A Taurus, que fabrica armas e munições em São Leopoldo (RS), decidiu transferir a principal linha de montagem para os Estados Unidos.

A Randa, que fabrica produtos de madeira em Birutuna (PR), onde mais de 80% da economia do município depende da empresa, concedeu férias coletivas e paralisou metade da produção.

No longo prazo, segundo a análise da Fiemg, a indústria continua sendo a maior impactada, mas os efeitos negativos se estendem a outros segmentos que não estão diretamente ligados à exportação, mas que dependem do consumo das famílias da cadeia dessas indústrias, como atividades imobiliárias (-2,04% no faturamento), educação privada (-1,79%), serviços domésticos (-1,75%) e saúde privada (-1,61%).

“Se uma empresa reduz sua capacidade produtiva em nível estrutural, essa redução afeta a cadeia produtiva, a empresa ou o setor precisa de uma quantidade menor de emprego e aí reduz a massa salarial e impacta o consumo”, diz o economista. “Esse impacto tende a ser mais regionalizado e difuso. Por exemplo, o Sul de Minas exporta muito café e será muito impactado. A região intermediária de Belo Horizonte é mais impactada pela siderurgia e, nesse caso, não é só uma ou outra empresa grande, são várias pequenas e médias empresas.”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou na quarta-feira, 13, um pacote de socorro às empresas atingidas. Uma das ações é oferecer uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para financiar companhias afetadas e outras empresas que queiram vender seus produtos fora do Brasil, diversificando a balança e diminuindo a dependência dos Estados Unidos.

Para o autor do estudo, o pacote pode ajudar as empresas, mas é importante intensificar as negociações com os Estados Unidos para reduzir as tarifas. “Imagina uma empresa que exporta 90% do que é produzido para os Estados Unidos. Essa empresa não tem alternativa a não ser fechar as portas”, diz o analista. “Não é estratégico negligenciar um mercado como o americano, o mercado com maior poder de consumo do mundo. A negociação tem que avançar para reduzir as tarifas e ao mesmo tempo é preciso ampliar os negócios com outros países.” As informações são do portal Estadão.

 

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