Sábado, 12 de Julho de 2025

Home Economia Tarifaço de Trump pode tirar 0,3 ponto de crescimento do PIB brasileiro em um ano

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O principal efeito da tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre importações vindas do Brasil deve recair sobre a balança comercial e repercutir de forma negativa no Produto Interno Bruto (PIB) do País. Nos cálculos do economista Roberto Dumas, o tarifaço pode tirar, no mínimo, 0,3 ponto porcentual de crescimento da economia brasileira em 12 meses a partir da sua vigência. “Mas esse valor pode ser maior”, afirma o professor de Economia Internacional do Insper.

Como base de comparação, a variação do PIB esperada para 2025 é de 2,23% de alta, conforme o mais recente Boletim Focus, do Banco Central, que apura as expectativas do mercado — divulgado na segunda-feira, 7, quando ainda não estava no radar a sobretaxa americana. Para 2026, a estimativa é de crescimento de 1,86%.

Além de reduzir essas projeções, o atual cenário adverso para comércio internacional oferece riscos de maiores dificuldades para que o Brasil redirecione suas exportações a outros mercados, piorando ainda mais o resultado da balança comercial. Isso, em razão de possíveis retaliações por parte do governo americano a parceiros comerciais que decidissem comprar produtos brasileiros.

No cálculo do efeito negativo sobre o PIB, Dumas não considerou os impactos indiretos de uma possível depreciação cambial. Com a entrada menor de dólares em razão da redução das exportações, o real poderia se desvalorizar em relação ao dólar e pressionar os preços no mercado interno, elevando a inflação. O desdobramento desse movimento seria, segundo o economista, a manutenção da taxa de juros em um nível elevado por mais tempo.

“Aquela perspectiva de que a taxa de juros cairia no segundo trimestre do ano que vem pode começar a diminuir e a inflação acabar ficando mais pegajosa, mais resiliente”, observa Dumas. Ele frisa que tem mais receio dos efeitos indiretos do tarifaço de Trump na economia brasileira do que os impactos diretos.

Piora nas exportações

Paulo Vicente dos Santos, professor de Estratégia da Fundação Dom Cabral, diz que a piora nas exportações brasileiras é o principal efeito da tarifação de 50% sinalizada por Trump. “Supondo que em 1º de agosto essa tarifa vá entrar em vigor como está hoje, isso pode ter impacto em uma parcela significativa das exportações, o dólar deve subir por causa da menor entrada de divisas, a Bolsa deve cair e isso pode atrapalhar ainda mais a inflação”, avalia o professor.

Embora a participação dos EUA nas exportações brasileiras tenha recuado de quase 25% no início dos anos 2000 para 12% em 2024 (US$ 41 bilhões), os economistas do BTG Pactual destacam, em relatório, que o mercado norte-americano segue como o segundo principal destino das vendas externas do Brasil, sendo “o mais relevante para bens manufaturados de maior valor agregado, como aeronaves, autopeças e máquinas”.

Para o professor do da Fundação Dom Cabral, o risco de estrago provocado pela tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras existe, mas não é motivo de desespero no curto prazo. “O estrago no curto prazo existe, mas não é desesperador; no médio e no longo prazos ele até pode ser, se não houver negociação.”

Insegurança jurídica

Outro desdobramento do aumento das tarifas recai sobre contratos já firmados entre empresas. Silvia Rodrigues Pachikoski, sócia da área de Solução de Disputas no escritório L.O. Baptista, alerta para repercussões jurídicas. “A guerra tarifária e a fixação das novas alíquotas repercutirão diretamente nos contratos, pois significarão aumento no preço de insumos e prejudicarão o livre comércio como negociado pelas partes, trazendo um desequilíbrio contratual inesperado.”

Esse desequilíbrio, observa a advogada, poderá acarretar o não cumprimento de obrigações assumidas pelas partes, por conta de aumentos de custos, levando à renegociação de preços. “A consequência natural é o aumento do número de arbitragens e processos judiciais para tratar dessas questões”, afirma.

A insegurança jurídica por causa da elevação das tarifas preocupa o setor produtivo, diz Silvia. O impacto é aumento de disputas judiciais entre empresas e também na Organização Mundial de Comércio (OMC) por violação às regras multilaterais de comércio. Com informações de O Estado de S. Paulo

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