Quarta-feira, 30 de Julho de 2025

Home Economia Tarifaço dos Estados Unidos já reduz preços de alimentos no Brasil; veja o que pode ficar mais barato

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A ameaça do presidente norte-americano Donald Trump de aplicar tarifas de importação de 50% sobre os produtos brasileiros já começa a ecoar nos preços de alimentos no Brasil. O País é o principal exportador de carnes, café, frutas e suco de laranja para o mercado americano. As carnes e frutas já estão em queda no atacado.

Analistas são cautelosos em cravar que é já é efeito do tarifaço, mas veem uma associação. No caso do café, o efeito é o oposto: os preços estão em alta em Nova York e começam a subir por aqui, invertendo uma tendência que já vinha há alguma semanas.

As carnes bovinas vinham em queda entre março e junho, depois de terem subido quase 21% no ano passado. E, agora, esse movimento deve se acentuar. No atacado, de 24 de junho a 21 de julho, o preço da carne no atacado caiu 7,8%. O preço da arroba do boi gordo teve recuo semelhante, de 7,5% no mesmo período.

“Os frigoríficos que têm os Estados Unidos como destino viram recuar as compras e procuram direcionar para o mercado doméstico. Esse movimento intensifica os efeitos recentes de baixa de preço com mais oferta e menor consumo, movimento sazonal nessa época do ano”, explica Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP.

Ele lembra que a JBS, a maior produtora de carne do mundo, tem fábricas na Austrália, e a Minerva, a segunda maior, tem unidades na Argentina, Uruguai, Colômbia. Assim, diz Carvalho, podem exportar desses lugares para os Estados Unidos e destinar a produção local ao mercado doméstico.

Carvalho estima que essa queda no atacado chegue ao consumidor no mês que vem, mas não arrisca quanto da redução será repassada ao preço final. O economista da LCA 4Intelligence Fábio Romão mostra que a arroba de boi gordo vem caindo há três semanas seguidas “nas praças pecuárias de São Paulo” que são referência para o mercado nacional:

“As incertezas causadas pela taxação, aliadas à maior oferta de gado, devido ao declínio das pastagens durante o inverno (os pecuaristas abatem o boi antes da estação mais fria do ano), seguem afetando as cotações. Com a dificuldade para exportar, aumenta a oferta doméstica, e o preço cai”.

Ele prevê que o impacto chegue ao varejo entre agosto e setembro. Uma diferença na expectativa que havia antes do tarifaço, quando só se esperava uma queda mais forte dos preços da carne no ano que vem.

Sérgio Capucci, vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul, diz que o efeito para o consumidor será pequeno, porque os frigoríficos conseguiram desviar a produção:

“Teve um impacto pequeno logo depois do anúncio das tarifas. De queda de uns 5%, mas nenhum frigorífico diminuiu a produção”, disse.

Os compradores americanos não voltaram, diz ele, e a produção foi para o Chile, China e países do Oriente Médio. As exportações de carne bovina têm crescido acima da produção. Este ano até junho, a alta é de 1,36% na produção e de 12,69% nas exportações.

 

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