Quarta-feira, 10 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 9 de setembro de 2025
O Brasil exportou 17,5% menos café em agosto, em relação ao mesmo mês de 2024, após o tarifaço imposto pelos Estados Unidos, principal comprador do grão brasileiro. No mesmo mês, a Alemanha ultrapassou os EUA e se tornou a maior compradora do grão brasileiro.
Já a Colômbia aumentou em quase 600% o volume de café brasileiro adquirido em relação a agosto do ano anterior. O país é um dos maiores rivais do Brasil nas exportações do grão. No total, o Brasil exportou 3,144 milhões de sacas de 60 kg em agosto, informou o Conselho dos Exportadores Café do Brasil (Cecafé) nesta terça-feira (9). Em agosto de 2024, o volume tinha sido de 3,813 milhões de sacas.
Com a redução das vendas para os EUA em agosto, a Alemanha se tornou a principal cliente do Brasil, conforme a entidade já tinha projetado.
“Os EUA desceram para o segundo lugar, com 301 mil sacas importadas – negócios realizados antes da vigência do tarifaço. Isso implicou queda de 46% ante o mesmo mês de 2024 e de 26% contra julho deste ano”, disse o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.
“Assim, os americanos ficaram atrás da Alemanha, que importou 414 mil sacas no mês passado”, afirma. Mas, no acumulado do ano, os EUA continuam como maiores compradores.
Historicamente, os EUA e Alemanha se revezam na liderança nas compras de café brasileiros. Na direção contrária aos EUA, a Colômbia foi o cliente de café brasileiro que mais aumentou as compras em agosto.
No período, o país latino-americano adquiriu mais de 112 mil sacas de 60 kg, volume 578% maior do que as 16 mil sacas compradas em agosto de 2024, segundo divulgado ao g1 pela Cecafé.
De acordo com o conselho de exportadores, a Colômbia comprou mais café brasileiro em agosto para suprir a demanda do mercado interno e para reexportá-lo por meio de drawback, prática legalizada e diferente da triangulação (que é proibida).
O drawback é um benefício fiscal aplicado a produtos importados usados na fabricação de outros itens que serão exportados. Já a triangulação é uma manobra fiscal na qual um produto é enviado para outro país para não pagar os impostos do país de origem.
O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, analisa que o tarifaço também afetou o mercado internacional do café, trazendo muita volatilidade aos preços e fazendo com que as cotações disparassem.
“Os fundamentos já são favoráveis para a alta há algumas safras, com oferta e demanda muito ajustadas ou mesmo com déficit de oferta, devido a adversidades climáticas nos principais produtores, em especial no Brasil, mas o tarifaço desordenou o mercado e deu abertura para movimentos especulativos”, explica.
Ele completa que, de 7 de agosto, quando entrou em vigência a taxação, até o fechamento do mês passado, o café arábica subiu 29,7% na bolsa de Nova York, saindo de US$ 2,978 por libra-peso para US$ 3,861.
“Se o tarifaço persistir, além de as exportações de café do Brasil seguirem inviáveis aos EUA, os consumidores americanos também enfrentarão preços onerosos para degustar sua bebida favorita, uma vez que não há oferta de outros países para suprir a ausência brasileira no mercado dos Estados Unidos, criando-se, assim, um cenário inflacionário por lá”, projeta.
Como os preços do café no mercado externo subiram muito, os exportadores faturaram 12,7% a mais em agosto, contra igual mês do ano passado, em um total US$ 1,101 bilhão.