Quinta-feira, 28 de Março de 2024

Home Brasil Temor dos protestos previstos para o 7 de setembro fez o Supremo “adiar” a data da solenidade que vai marcar o início da presidência da ministra gaúcha Rosa Weber

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A ministra Rosa Weber deve tomar posse como presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) na semana seguinte ao feriado da Indepêndencia. A ideia é evitar a proximidade com os atos bolsonaristas que serão realizados no 7 de setembro. Atualmente, Weber é vice-presidente do Supremo. O planejamento inicial era o de que ela assumisse a presidência, hoje ocupada por Luiz Fux, em 9 de setembro (uma sexta-feira), na mesma semana do 7 de Setembro. Agora, a solenidade deve ficar para o dia 12, que cai na segunda-feira.

O argumento para a decisão, tomada em conjunto pelos ministros, foi que, se o ambiente político estiver muito tenso, é melhor deixar para o presidente que está de saída, Luiz Fux, a responsabilidade pelo discurso em defesa da democracia e do tribunal logo após as manifestações. Isso pouparia Rosa Weber de desgastes logo no início da gestão.

A Esplanada dos Ministérios, em Brasília, vai voltar a ser palco do tradicional desfile de 7 de setembro depois de dois anos sem celebração – em 2020 e 2021, o evento foi cancelado devido à disseminação do coronavírus.

A expectativa dos organizadores é a de que o público seja maior do que em anos anteriores devido ao bicentenário da independência e à proximidade da eleição, com milhares de apoiadores de Bolsonaro se concentrando no centro da capital federal.

Manifestações anteriores

O temor dos ministros do Supremo é que se repitam as manifestações de caráter antidemocráticas e de cunho golpista que já tomaram a Esplanada no 7 de setembro do ano passado, só que com mais manifestantes.

À época, caminhões bloquearam o trânsito e chegaram a fazer buzinaço nas imediações do tribunal, ameaçando invadir a pista que dá acesso à Corte. Na ocasião, o chefe do Executivo participou de protestos em Brasília e em São Paulo e fez um discurso atacando o Supremo e o ministro Alexandre de Moraes, relator de inquéritos que investigam o clã Bolsonaro.

Quando o discurso parecia ter tornado a crise entre os poderes aparentemente incontornável, Bolsonaro recuou. Depois de algumas conversas com o ex-presidente Michel Temer, ele divulgou uma nota pública em que declarou que suas palavras, “por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum”.

Seria arriscado fazer a posse em data tão próxima às manifestações não apenas porque o evento costuma reunir em Brasília dezenas de expoentes dos três poderes. Além disso, o discurso de quem assume a presidência do tribunal também costuma ser pontuado por recados direcionados à classe política e à opinião pública.

Em 2020, por exemplo, Luiz Fux defendeu a harmonia entre poderes, sem subserviência, criticou a judicialização da política e pediu que o Legislativo e o Executivo resolvessem internamente seus conflitos – uma mensagem que, claro, foi ignorada.

Perfil discreto

A presidência do STF é revezada pelos ministros a cada dois anos, por ordem de antiguidade. A eleição costuma ser um ato protocolar, em que os ministros apenas confirmam a escolha do próximo ministro da fila para chefiar o tribunal.
Contudo, em vez de uma presidência de dois anos, Rosa terá uma gestão mais curta, de pouco mais de um ano, já que completa 75 anos em outubro de 2023, quando é obrigada a se aposentar.

A ministra é conhecida pelo estilo discreto, avessa a entrevistas com jornalistas e a conchavos políticos nos bastidores. A postura reservada já rendeu ao seu gabinete o apelido de “Coreia de Norte”.

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