Quarta-feira, 10 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 8 de dezembro de 2025
Aliados de Jair Bolsonaro avaliam como desastrosa a afirmação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de que haveria um preço para desistir de sua pré-candidatura à Presidência da República em 2026. A declaração, feita após um fim de semana de movimentos públicos do senador, provocou reações negativas tanto no campo político tradicional quanto entre apoiadores do ex-presidente.
Na última sexta-feira (5), Flávio se apresentou como o escolhido do pai para enfrentar Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pelo Palácio do Planalto. O anúncio, feito de maneira repentina, impactou o ambiente econômico, contribuindo para a queda da Bolsa brasileira, a alta do dólar e a ampliação das incertezas quanto à articulação da direita para as eleições de 2026. A iniciativa também gerou desconforto entre lideranças de centro-direita que vinham mantendo interlocução com a família Bolsonaro. Apenas dois dias depois desse movimento, o senador indicou que poderia rever sua posição.
“Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim e eu tenho um preço para isso, que eu vou negociar. Eu tenho um preço, só que eu só vou falar para vocês amanhã”, afirmou Flávio no domingo (7). A fala foi recebida como indício de improviso e falta de alinhamento estratégico dentro do grupo político do ex-presidente, abrindo espaço para críticas internas e externas.
Segundo aliados, a declaração teria exposto duas fragilidades centrais: a falta de coordenação da família Bolsonaro na definição de um projeto eleitoral consistente e a percepção de que o grupo estaria disposto a negociar apoio político em troca de avanços no tema da anistia de Jair Bolsonaro, que se encontra preso por tentativa de golpe de Estado e inelegível devido a condenações também na Justiça Eleitoral. Essa leitura, segundo fontes próximas ao ex-presidente, teria ampliado a preocupação com os impactos da fala no ambiente eleitoral.
No entorno de Bolsonaro, a iniciativa de Flávio também é interpretada como um gesto voltado ao cenário internacional, especialmente em relação ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Avalia-se que a família tenta evitar que eventuais sanções impostas por Trump a autoridades brasileiras – incluindo Alexandre de Moraes – sejam retiradas em meio ao processo que envolve o julgamento do golpe. Esse possível recuo norte-americano, facilitado pela aproximação recente entre Trump e Lula, representaria, na visão de aliados, uma derrota completa da estratégia da família Bolsonaro junto aos EUA, além de fornecer munição política ao PT para usar na campanha de 2026.
Com Bolsonaro preso, a ideia, segundo apuração do blog da colunista Andréia Sadi, do portal g1, seria lançar alguém com o sobrenome Bolsonaro para sinalizar ao governo Trump que ainda existe possibilidade de retorno do grupo ao poder.
No entanto, conforme informações também divulgadas por Andréia Sadi, a centro-direita não deve aderir ao projeto de Flávio. A tendência, segundo ela, é acelerar a construção de um nome alternativo para disputar a Presidência em 2026. (Com informações da colunista Andréia Sadi, do portal g1)