Terça-feira, 30 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 29 de setembro de 2025
Enquanto avança prevenção à fraude em transações on-line, a biometria enfrenta um aumento nas ameaças dos cibercriminosos. Estudo da Serasa Experian aponta que no primeiro semestre de 2025 foram registradas 2,7 milhões de tentativas de fraude no Brasil envolvendo reconhecimento facial e uso de documentos falsos ou adulterados, o equivalente a uma média de dez investidas por minuto. O número representa 39,2% de todas as tentativas de golpe mapeadas pela empresa no período e revela uma alta de 53% em relação ao primeiro semestre de 2024.
Para tentar neutralizar esses tipos de ataque, fornecedores de soluções de biometria investem em novos recursos como a geolocalização do usuário, a cobertura em regiões com baixa capacidade de conexão à internet e tecnologias como a “liveness detection” (detecção de prova de vida), que pode descobrir quando os fraudadores recorrem a fotos das vítimas ou a “deepfakes” (alteração de imagens com inteligência artificial) a fim de burlar sistemas de acesso.
Com as novidades, é esperada uma maior aderência dos consumidores à tecnologia nos próximos anos. A ideia é que, após uma autenticação biométrica, o usuário passe a contar com uma identidade digital segura para pagamentos ou acesso a serviços.
A multinacional de pesquisas Market Research Intellect estima que o mercado global de biometria deve passar de um volume de vendas estimado em US$ 500 bilhões, em 2024, para US$ 800 bilhões em 2031, com taxa de crescimento anual de 6,5% no período.
Na opinião de Miguel Traquina, CIO (diretor de tecnologia) da iProov, de verificação de identidade biométrica facial, o emprego da tecnologia deve seguir impulsionado por três fatores: a transformação digital dos negócios, a mudança dos hábitos dos usuários no ambiente on-line e a demanda por serviços digitais seguros. No mercado desde 2013, a multinacional acumula clientes como o Bradesco e o governo do Reino Unido. “A solução que oferecemos é baseada na nuvem e pode ser rapidamente atualizada diante de novas ameaças”, afirma Traquina.
Outra companhia de identificação e segurança digital, a Certisign oferece opções na área de biometria há mais de cinco anos para clientes como grupos de saúde e órgãos do governo. “A nossa ferramenta consegue analisar os movimentos da tela [dos dispositivos] e do próprio equipamento”, afirma Julio Duram, CTO. Segundo ele, a ferramenta pode ser usada em assinaturas de contrato ou no acesso a planos médicos.
De acordo com Caio Rocha, diretor de autenticação e prevenção à fraude da Serasa Experian, o avanço dos usos da biometria revela o aumento das tentativas de fraude digital, que leva à busca de métodos mais confiáveis de verificação de identidade. Um estudo da empresa feito com 877 pessoas físicas aponta que o uso do recurso como método de autenticação passou de 59%, em 2023, para 67%, em 2024.
A Serasa Experian conta com soluções antifraude baseadas em biometria desde 2017. Nos últimos anos, ampliou a participação no segmento com aquisições de empresas como a BrScan, de verificação de documentos, em 2021; e a AllowMe, de análise de risco de dispositivos, em 2023. Este ano, concluiu a compra da ClearSale, de prevenção a fraudes.
O carro-chefe inclui recursos como a “prova de vida”, que visa assegurar que a validação seja feita por uma pessoa “viva e presente” no momento da checagem. A solução é capaz de bloquear golpes que utilizam “deepfakes”, assegura Rocha. A ferramenta opera com inteligência artificial para analisar traços faciais e considera dados físicos, como o histórico do CPF do usuário, e permite conferir registros mesmo em regiões com sinal limitado de internet.
No Itaú Unibanco, a leitura biométrica começou em 2012, nos caixas eletrônicos, e chegou aos aplicativos dos clientes em 2021, lembra Victor Thomazetti, superintendente de prevenção a fraudes do banco. “Hoje, utilizamos a biometria 3D, que permite diferenciar um rosto verdadeiro (de um correntista) de uma projeção em tela”, explica. “Há uma evolução na combinação da biometria facial com outras camadas de proteção, como a análise do padrão das transações e a geolocalização do usuário, o que dificulta as tentativas de falsificação.” As informações são do jornal Valor Econômico.