Sexta-feira, 21 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 20 de novembro de 2025
As tentativas de vender o Banco Master, primeiro para o Banco de Brasília (BRB) e depois para um consórcio liderado pela Fictor, foram uma cortina de fumaça para tentar encobrir as supostas fraudes na instituição.
Em fevereiro, a fiscalização do Banco Central (BC) identificou operações de crédito fantasma do Master para o BRB ou seja, empréstimos forjados, incluindo crédito consignado.
As operações foram comunicadas à Polícia Federal (PF) e aos órgãos de combate à lavagem de dinheiro, que, desde então, iniciaram o trabalho de apuração dos supostos crimes e o rastreamento dos recursos – com o objetivo de identificar o beneficiário final e recuperar valores.
O Banco Central exigiu, então, um reforço de capital do BRB e a recomposição dos índices de liquidez – medidas que já foram realizadas, recuperando a saúde financeira do banco.
Diante do avanço das apurações, o Banco Master e o BRB apresentaram ao Banco Central, para análise e aprovação, a operação de compra do controle da instituição. Se fosse levada adiante, a operação integraria, em uma só instituição, todas as supostas operações fraudulentas, dificultando a apuração de todo o seu alcance.
A análise da compra do Master pelo BRB avançou durante meses – enquanto o Banco Central avaliava a consistência do negócio, seguiram as apurações dentro do próprio Banco Central sobre a extensão das supostas fraudes no balanço do Master, além do trabalho na PF e órgãos de lavagem de dinheiro.
Depois da negativa da operação, há dois meses, os controladores do Banco Master procuraram outras alternativas para tentar salvar a instituição da liquidação.
O banco tinha problemas sérios de liquidez, que já permitiam a liquidação, e deficiência patrimonial – tanto que o controlador, Daniel Vorcaro, vendeu ativos para fazer aportes no banco.
Aliados políticos
O objetivo das investigações era identificar todas as ramificações do Master, que tinha aliados poderosos no governo do Distrito Federal e no Congresso – que, inclusive, chegou a reunir assinaturas para acabar com a independência do BC e demitir os diretores diretamente envolvidos na análise da venda do Master.
Vorcaro, que vinha sendo monitorado pela Polícia Federal, tomou conhecimento de que haveria uma operação contra ele e os demais executivos do Master e BRB. Foi nesse contexto que a proposta de compra do Master por um consórcio liderado pelo Grupo Fictor, incluindo desconhecidos investidores árabes, foi vazada para a imprensa.
As informações prestadas pelas partes envolvidas eram de que o Banco Central já estava analisando a operação, quando, na verdade, a autoridade monetária não tinha sequer sido notificada.
A Polícia Federal se antecipou, então, ao movimento de fuga de Vorcaro, com sua prisão. Na manhã de terça-feira (18), o Banco Central decretou a liquidação das instituições do conglomerado, com exceção do Banco Master Holding, que será submetido a um Regime de Administração Especial Temporário (RAET) para tentar recuperar valores no banco. (Com informações do Valor Econômico)