Quinta-feira, 24 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 23 de julho de 2025
Por gerações, a canja de galinha tem sido um remédio popular para pessoas que não se sentem bem. Ela ocupa um lugar especial em muitas culturas como um tratamento reconfortante para resfriados e gripes. Mas existe alguma base científica por trás da ideia de que a sopa pode nos ajudar a nos recuperar de infecções respiratórias? Com meus colegas, conduzi uma revisão sistemática para explorar essa questão, que examinou as evidências científicas sobre o papel da sopa no tratamento de infecções respiratórias agudas, como resfriado comum, gripe e COVID-19.
Entre mais de 10.000 registros, identificamos quatro estudos de alta qualidade envolvendo 342 participantes. Esses estudos testaram uma variedade de sopas, incluindo caldo de galinha tradicional, sopa de cevada e misturas de vegetais com ervas. Embora ainda em estágio inicial, as evidências foram promissoras.
Um estudo descobriu que as pessoas que comeram sopa se recuperaram até 2,5 dias mais rápido do que aquelas que não comeram. Sintomas como congestão nasal, dor de garganta e fadiga foram mais leves. Alguns participantes também apresentaram níveis reduzidos de marcadores relacionados à inflamação: substâncias no sangue que aumentam quando o sistema imunológico está combatendo uma infecção.
Especificamente, os níveis de IL-6 e TNF-α – duas proteínas que ajudam a desencadear a inflamação – foram mais baixos naqueles que consumiram sopa. Isso sugere que a sopa pode ajudar a acalmar uma resposta imunológica hiperativa, potencialmente tornando os sintomas menos graves e a recuperação mais confortável.
No entanto, nenhum dos estudos examinou como o consumo de sopa influenciou os resultados diários das infecções respiratórias agudas, como se as pessoas tiraram menos dias de folga do trabalho ou tiveram menos chances de acabar no hospital. Essa é uma grande lacuna nas evidências, que precisa ser abordada em pesquisas futuras.
Existem várias razões pelas quais a sopa pode ajudar. Ela é quente, hidratante e normalmente rica em nutrientes. Ingredientes como alho, cebola, gengibre e verduras folhosas têm propriedades anti-inflamatórias, antimicrobianas e de apoio ao sistema imunológico. O calor também pode ajudar a soltar o muco, aliviar dores de garganta e promover conforto geral durante a doença.
Não apenas nutrição
Há também um forte aspecto cultural e comportamental no autocuidado baseado na alimentação: quando as pessoas usam os alimentos não apenas para se nutrir, mas como parte intencional do tratamento da doença e da promoção da recuperação.
Em muitos lares, a comida se torna um remédio não apenas por causa de seus ingredientes, mas porque simboliza cuidado, rotina e tranquilidade.
Minha pesquisa anterior descobriu que os pais, em particular, costumam recorrer a remédios tradicionais, como sopa, como primeira linha de defesa quando a doença ataca, muitas vezes bem antes de procurar aconselhamento médico profissional.
Isso reflete um interesse crescente em remédios caseiros e na importância de tratamentos culturalmente familiares: remédios que parecem seguros, confiáveis e emocionalmente ressonantes porque fazem parte da educação de uma pessoa ou das normas da comunidade. Esses tipos de tratamentos podem aumentar a confiança e o conforto ao autogerenciar a doença em casa.
O autocuidado baseado em alimentos pode se tornar cada vez mais importante à medida que a pressão sobre os sistemas de saúde continua a crescer. Com as crescentes preocupações com a resistência antimicrobiana, serviços sobrecarregados e traumas persistentes de pandemias globais, tratamentos caseiros simples e baseados em evidências podem desempenhar um papel crucial.
Eles ajudam as pessoas a controlar doenças leves, reduzem o uso desnecessário de antibióticos e evitam sobrecarregar os médicos de família ou os serviços de emergência com doenças menores que podem ser tratadas com segurança em casa. Mesmo uma simples mensagem telefônica sobre o resfriado comum – “A maioria dos resfriados comuns melhora em poucos dias e não precisa de tratamento do seu médico” – demonstrou reduzir a demanda por consultas em 21%, destacando como os cuidados domiciliares de baixo custo podem aliviar a pressão sobre o sistema.
A Associação do Governo Local (LGA) relata que os médicos de família atendem aproximadamente 57 milhões de casos de doenças leves, como tosse e resfriados, anualmente, custando ao NHS mais de £ 2 bilhões por ano. Ela argumenta que educar as pessoas sobre o autocuidado eficaz poderia ajudar a economizar, em média, uma hora por dia para os médicos de família.
A sopa é a solução
A sopa de galinha é fácil de preparar, acessível, segura para a maioria das pessoas e amplamente reconhecida como um remédio caseiro reconfortante e familiar para doenças leves.
A sopa não substitui os medicamentos. Mas, juntamente com repouso, líquidos e paracetamol, ela pode oferecer uma maneira simples de aliviar os sintomas e ajudar as pessoas a se sentirem melhor. As informações são do portal O Globo.
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