Sábado, 27 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 26 de dezembro de 2025
A tornozeleira eletrônica usada pelo ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, parou de transmitir sinais de localização na madrugada do Natal — poucas horas antes de sua prisão no Paraguai, quando portava um passaporte falso.
De acordo com a Polícia Federal (PF), após apresentar falhas no início da quinta-feira (25), o equipamento deixou de enviar qualquer dado de geolocalização a partir da tarde daquele dia. Ao Supremo Tribunal Federal (STF), a PF informou que o problema ocorreu devido à falta de bateria na tornozeleira.
A Polícia Federal sustenta que Silvinei pretendia fugir para El Salvador. No começo deste mês, ele foi condenado pelo STF a 24 anos de prisão por envolvimento na tentativa de golpe.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-diretor da PRF atuou para dificultar o deslocamento de eleitores em regiões onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva liderava as intenções de voto em relação a Jair Bolsonaro.
Em relatório encaminhado ao ministro do STF Alexandre de Moraes, a PF afirmou que Silvinei Vasques deixou sua residência ainda na noite de quarta-feira (24), véspera de Natal — antes de a tornozeleira eletrônica deixar de funcionar.
As últimas imagens registradas mostram o ex-dirigente da PRF saindo do condomínio onde mora, em São José (SC), por volta das 19h22 daquele dia.
Pouco antes, Silvinei colocou em um carro alugado sacolas, rações e tapetes higiênicos destinados a animais domésticos. Ele também embarcou um cachorro da raça pitbull. Depois disso, segundo a PF, não houve mais registros de sua movimentação.
A visita de policiais ao local só ocorreu no dia seguinte, após os primeiros indícios de falha no monitoramento eletrônico. Conforme a PF, Silvinei já não se encontrava mais na residência. Antes da chegada dos agentes federais, uma equipe da Polícia Penal de Santa Catarina também tentou localizá-lo.
Os policiais estaduais estiveram no condomínio entre 20h10 e 20h25, mas não obtiveram êxito, conforme relatório da PF enviado ao STF. “Foram até o apartamento do réu, nº 706- Bloco A, mas ninguém atendeu. Também foram até a vaga de garagem, nº 333, e a encontraram vazia.”
A Polícia Federal só foi acionada às 23h do dia de Natal. Os agentes foram ao endereço de Silvinei, repetiram os mesmos procedimentos realizados pela polícia catarinense e, igualmente, não encontraram o ex-diretor da PRF.
Ao STF, a PF informou que ainda não é possível “precisar os motivos da violação da tornozeleira eletrônica” nem confirmar se o equipamento permaneceu no apartamento de Silvinei Vasques.
O ministro Alexandre de Moraes avaliou que os dados apresentados pela Polícia Federal indicam uma tentativa de fuga do País para burlar determinações judiciais. Em decisão proferida nesta sexta-feira, Moraes decretou a prisão preventiva do ex-diretor da PRF.
“As diligências in loco realizadas pela Polícia Federal no endereço residencial do réu Silvinei Vasques indicam a efetivação de sua fuga”, escreveu o ministro.
“O réu não se encontrava em seu apartamento no momento da diligência, em violação à medida cautelar de recolhimento domiciliar noturno; estava utilizando veículo automotor alugado; esteve em seu endereço residencial até as 19h22min do dia 24/12/2025, quando não foi mais visto entrando ou saindo de carro; e carregou o veículo alugado com o seu animal de estimação e materiais para transporte de cachorro”, acrescentou Moraes.