Sábado, 18 de Outubro de 2025

Home Brasil Trabalhadores por aplicativo ganham mais, mas trabalham mais horas e enfrentam maior informalidade

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Os trabalhadores que atuaram por meio de aplicativos em 2024 tiveram rendimento médio mensal de R$ 2.996, valor 4,2% superior ao dos que não usavam plataformas digitais (R$ 2.875). A diferença, porém, já foi maior: em 2022, os plataformizados ganhavam 9,4% a mais.

Os dados fazem parte de um módulo especial da Pnad Contínua, divulgado nesta sexta-feira (17) pelo IBGE, que analisou o perfil dos trabalhadores por aplicativo.

Apesar da renda superior, o grupo apresentou jornadas mais longas: 44,8 horas semanais, contra 39,3 dos demais. Assim, a remuneração por hora foi menor — R$ 15,4, ante R$ 16,8 dos não plataformizados. Em resumo, quem trabalha por app precisa atuar mais para superar a renda média dos demais trabalhadores.

A pesquisa, em sua segunda edição, considera pessoas com 14 anos ou mais que usam plataformas de transporte, entrega, serviços gerais ou profissionais — como motoristas da Uber e 99, entregadores de iFood e Rappi, designers, tradutores e médicos que atendem por telemedicina. O levantamento identificou 1,7 milhão de plataformizados no país.

Escolaridade

Em todos os níveis de escolaridade abaixo do superior, os plataformizados ganham mais que os demais. Entre quem tem ensino fundamental completo e médio incompleto, a renda é 50% maior que a média nacional. Já entre os que possuem nível superior, o cenário se inverte: eles ganham 29,8% menos (R$ 4.263) do que os não plataformizados (R$ 6.072).

Segundo o analista do IBGE Gustavo Fontes, muitos profissionais formados recorrem a aplicativos por falta de oportunidades na área. “Há pessoas formadas em engenharia que estão dirigindo por aplicativo. Talvez não seja o trabalho desejado, mas é o que garante renda naquele momento”, explica.

Informalidade

A informalidade é mais elevada entre os plataformizados: 71,7% não têm vínculo formal, contra 43,8% dos demais. Apenas 35,9% contribuem para a previdência, enquanto entre os não plataformizados o índice é de 61,9%.

Motoristas por app

O Brasil tinha 1,9 milhão de motoristas em 2024, sendo 43,8% ligados a aplicativos — cerca de 824 mil pessoas. Eles tiveram rendimento médio de R$ 2.766, R$ 341 acima dos motoristas tradicionais. Apesar disso, trabalharam mais: 45,9 horas semanais, cinco a mais que os não plataformizados.

A remuneração por hora foi semelhante — R$ 13,9 contra R$ 13,7 —, mas motoristas formais fora das plataformas recebiam mais (R$ 14,7/hora). Apenas 25,7% dos motoristas de app contribuíam para a previdência, enquanto 56,2% dos não plataformizados tinham cobertura. A informalidade entre os motoristas de aplicativo chegava a 83,6%, contra 54,8% dos demais.

O IBGE considerou apenas quem tinha os aplicativos como principal fonte de trabalho, excluindo quem faz bicos esporádicos.

Motociclistas

Entre os motociclistas, fenômenos semelhantes se repetem. O país tinha 1,1 milhão de profissionais sobre duas rodas, dos quais 33,5% atuavam via app — aumento em relação a 2022 (21,9%).

Os motociclistas plataformizados ganhavam em média R$ 2.119, 28,2% a mais que os não plataformizados (R$ 1.653), e trabalhavam 45,2 horas por semana. A hora trabalhada valia R$ 10,8, contra R$ 9,2 dos demais — superando até os formais fora das plataformas (R$ 10,6).

A informalidade entre os motociclistas de app era de 84,3%, enquanto entre os não plataformizados atingia 69,3%. Apenas 21,6% deles contribuíam para a previdência, ante 36,3% dos que não usavam plataformas digitais.

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