Sexta-feira, 24 de Outubro de 2025

Home Economia Traduzindo o “economês”: entenda como funciona a Taxa Selic e qual o impacto no seu bolso

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Quando se fala em economia, há alguns termos frequentemente mencionados, porém pouco conhecidos do grande público. A taxa Selic, por exemplo, é uma dessas expressões do “economês”.

Fixada em 13,75% pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), ela impacta a atividade econômica. Mesmo assim, uma parcela da população não entende sua importância e como ela interfere no cotidiano da sociedade.

O Copom se reúne a cada 45 dias para analisar o cenário econômico e decidir sobre possíveis alterações na taxa. As reuniões seguem um calendário definido no ano anterior e, em geral, duram dois dias. Normalmente, segundo o Banco Central, em cada um desses encontros os participantes assistem a apresentações técnicas, discutem sobre as perspectivas para a economia brasileira e também global, avaliam as condições de liquidez e o comportamento dos mercados.

A taxa representa os juros básicos da economia brasileira. Os movimentos da Selic influenciam todas as taxas praticadas no país,  sejam as que um banco cobra ao conceder empréstimos, financiamentos e até de retorno em aplicações financeiras.

A Selic tem esse nome por conta do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, administrado pelo BC. Nele, são negociados títulos públicos federais. A taxa define, por exemplo, quanto o consumidor pagará por um empréstimo ou, ainda, o valor que um investidor vai receber.

“Quando a gente escuta nos noticiários que a Selic é a taxa básica, na verdade o que a torna básica ou referência, é porque ela é a taxa mínima de remuneração. Nesse conceito, se você aplicar o seu dinheiro no Tesouro Selic, vai receber hoje 13,75% ao ano livre de riscos. Isso é o que a gente chama de ‘custo do dinheiro’. A taxa é o custo do dinheiro porque é quanto o Tesouro Nacional precisa pagar para captar esse dinheiro para o caixa do governo”, explica Carla Beni, economista e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Como um dos elementos centrais da estratégia de política monetária no Brasil, a Selic se baseia em um sistema de metas de inflação. A taxa estabelece o compromisso do País em adotar medidas para manter a inflação dentro de uma faixa fixada periodicamente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), composto por ministros e pelo presidente do Banco Central.

O objetivo é assegurar a estabilidade da economia e evitar descontroles de preço, que causam a perda do poder de compra da moeda. Com a taxa mantida em 13,75% ao ano pela sétima vez consecutiva, considerado alta e alvo de críticas recorrentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — além outras figuras importantes do governo e do mercado de empreendedorismo —, a ata do Copom, divulgada no dia 27 de junho, sinalizou uma possível redução dos juros em agosto.

Os oito membros que participaram da reunião avaliaram que a continuidade do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança para iniciar uma queda.
“A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”, diz a ata.

Conforme Janine Pessanha de Carvalho, analista de Estudos Econômicos da Firjan, o recente alívio nos preços e a contínua redução das expectativas inflacionárias para 2023 e 2024 são fatores que indicam haver espaço para que a queda na taxa aconteça.

“O cenário doméstico tem contribuído para a redução da percepção de risco-país. A aprovação do novo arcabouço fiscal e o avanço da discussão sobre a reforma tributária são elementos que reduzem as incertezas e abrem espaço para uma queda crível na taxa de juros”, aponta.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também afirmou que espera “sensibilidade técnica” do Banco Central para a redução dos juros. De acordo com o ministro, “a retomada de um patamar adequado começa em agosto”. Ainda segundo Haddad, essa é a expectativa de “todo mundo, do governo ao mercado”, e que “há espaço para um corte até maior do que o 0,25 ponto porcentual na Selic”.

A eventual queda da taxa Selic não afetará imediatamente as taxas de empréstimos para o consumidor. Há defasagem entre a decisão de redução e o momento em que os bancos repassam essa redução para as taxas de juros cobradas.

 

 

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