Quarta-feira, 15 de Maio de 2024

Home Brasil Tráfico internacional altera rotas e formas de operar no Brasil e adota o uso de embarcações menores para tirar droga do país

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Narcotraficantes que usam o Brasil como corredor da cocaína enviada para a Europa mudaram a forma de atuação no País. No ano passado, o Porto de Santos deixou de ser uma rota tão explorada pelos criminosos, enquanto outros portos brasileiros e no exterior ganharam destaque como opção logística para o crime.

Além disso, criminosos investem em novos meios para driblar a fiscalização portuária.

A maior parte da cocaína produzida na Colômbia, Peru e Bolívia destinada à Europa chega às mãos de traficantes do continente escondida em navios cargueiros.

No Brasil, o Porto de Santos — o maior do país — têm sido o canal preferido do tráfico internacional para escoamento da cocaína.

Em 2021, a Receita apreendeu, em operações com a Polícia Federal, 17 toneladas de cocaína pronta para deixar o país nos navios que sairiam do porto. Em 2022, 16,4 toneladas.

Em 2023, no entanto, as apreensões em Santos tiveram uma queda abrupta, ficando em 7,1 mil kg, segundo o Balanço Aduaneiro de 2023, publicado na semana passada.

A redução coincide com uma intensificação das ações da Receita e da Polícia Federal, com uma operação do governo de São Paulo contra o crime organizado em Santos e Guarujá.

Outra medida que pode ter tido um efeito parcial foi a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) estabelecida em novembro pelo governo federal em Santos e outros portos e aeroportos.

“Certamente todas as ações de combate contribuem em maior ou menor grau para a diminuição”, disse a Receita Federal por meio de nota.

“Percebeu-se, porém, que os criminosos mudaram seu modo de atuação em decorrência das inúmeras apreensões realizadas pela Receita Federal. Uma das metodologias utilizadas pelos criminosos é a inserção de cocaína com o navio fundeado ao largo [e não ancorado no porto], o que dificulta a fiscalização.”

O uso embarcações menores que não ficam nos portos alfandegados também surgiu como uma nova estratégia do crime. Em setembro, um barco com cinco ocupantes carregado com 3,6 toneladas de cocaína foi detido na costa pernambucana.

O governo federal prevê um pacote bilionário de obras em Santos até 2028. “Espera-se uma redução no tempo de trânsito entre as margens direita e esquerda do porto, mas não haverá impacto direto ou mudança nas fiscalizações que ocorrem no âmbito aduaneiro”, avalia a Receita.

Para escapar ao reforço das fiscalizações em Santos, a Receita também diz que criminosos a redesenharem suas rotas e que parte dos embarques clandestinos migrou para portos do Equador – país que tem vivido uma crise de segurança pública com a ascensão do tráfico.

Parte teria migrado também para portos menores no Brasil.

Os Balanço Aduaneiro de 2023 mostrou que no ano passado 3,5 toneladas de cocaína foram apreendidas nos portos de Santa Catarina e Paraná e 3,3 toneladas nos portos do Rio de Janeiro e Espírito Santo.

“Os portos brasileiros são utilizados pelos criminosos em razão da disponibilidade de linhas marítimas que levem a droga até o destino pretendido, com isso em vista, todos os portos brasileiros que ofereçam linhas para destinos de interesse podem ser alvos de organizações criminosas”, afirmou a Receita ao Valor.

A Receita afirmou que “está atenta e avançando em controles e ações de fiscalizações que possam combater esses crimes sem prejudicar as exportações”.

O volume total de cocaína apreendida pela Receita em pontos sob seu controle de entrada e saída do país tem caído ano após ano. Em 2020, o total interceptado foi de 47,6 toneladas. Em 2021, 36,7 toneladas. Em 2022, 25,1 toneladas. E em 2023, 15,9 toneladas.

O número de apreensões costuma ser um indicativo importante sobre o fluxo de drogas que passa por dada região.

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