Terça-feira, 09 de Dezembro de 2025

Home Colunistas Transição energética: o salto civilizatório que o Brasil não pode ignorar

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O que é transição energética e sua origem

O termo “transição energética” ganhou força na COP21, realizada em Paris em 2015, quando líderes mundiais firmaram o Acordo de Paris, estabelecendo metas para limitar o aquecimento global a 1,5°C.

A expressão designa o processo de substituição de fontes de energia poluentes e finitas (como carvão, petróleo e gás) por fontes limpas e renováveis (solar, eólica, biomassa, hidrogênio verde). Mas, na prática, a transição energética acompanha a humanidade desde seus primórdios.

As fases históricas da energia

A história da humanidade pode ser contada pelas suas fontes de energia:
• Força braçal: o corpo humano como motor da sobrevivência.
• Animais de tração: bois e cavalos ampliaram a capacidade agrícola e de transporte.
• Fogo: revolução do cozimento, da metalurgia e da proteção.
• Vento e água: moinhos e rodas d’água impulsionaram a agricultura e a indústria nascente.
• Eletricidade: no século XIX, trouxe iluminação, comunicação (telégrafo, rádio) e motores elétricos.
• Petróleo e derivados: no século XX, viabilizaram carros, aviões, plásticos e a globalização.
• Renováveis modernas: solar, eólica, biomassa e hidrogênio verde, que hoje representam o futuro sustentável.
Cada transição significou saltos evolutivos: o fogo permitiu cozinhar alimentos e fundir metais; a eletricidade trouxe o telefone e a lâmpada; o petróleo viabilizou o automóvel e a aviação. A energia sempre foi o motor da inovação.

A transição obrigatória: impactos dos fósseis

Diferente das anteriores, a transição atual não é apenas uma escolha, mas uma necessidade urgente. Os combustíveis fósseis:
• Liberam bilhões de toneladas de CO₂ por ano.
• Intensificam o efeito estufa, elevando a temperatura média global.
• Provocam eventos extremos: secas prolongadas, enchentes devastadoras, ondas de calor recordes.
• Derretem geleiras e elevam o nível do mar, ameaçando cidades costeiras.
Segundo o IPCC, se nada mudar, o planeta pode aquecer mais de 3°C até 2100, tornando vastas regiões inabitáveis.

O poder da indústria do petróleo

Desde a década de 1920, a indústria do petróleo construiu impérios e financiou sociedades inteiras. Com lucros bilionários, passou a manipular narrativas para manter sua hegemonia:
• Criou mitos e fakenews sobre a inviabilidade das energias renováveis.
• Espalhou desinformação para polarizar a sociedade e travar mudanças.
• Investiu em governos, campanhas políticas e publicidade para perpetuar o consumo de fósseis.
Hoje, diante da crise climática, o que resta a essas corporações é semear discórdias para atrasar a transição.

O impasse automotivo

No centro da disputa estão também as montadoras de veículos. A tecnologia dos carros elétricos já é madura: baterias de longa duração, recarga rápida e custos em queda. Mas a indústria automotiva tradicional reluta em abandonar o motor a combustão, pois:
• O petróleo sustenta cadeias globais de produção e impostos.
• A mudança ameaça lucros e modelos de negócios consolidados.
No entanto, trocar veículos a combustão por elétricos é vital: reduz emissões, melhora a qualidade do ar nas cidades e diminui a dependência de combustíveis fósseis.

O Brasil e a oportunidade verde

O Brasil possui uma vantagem única:
• Matriz elétrica já 80% renovável, baseada em hidrelétricas, eólica e solar.
• Potencial imenso em biocombustíveis e hidrogênio verde.
• Capacidade de exportar energia limpa para a Europa, que busca alternativas ao gás russo e ao petróleo do Oriente Médio.
Nenhum outro país reúne tantos recursos naturais para liderar a transição energética. Mas isso incomoda os impérios tradicionais, pois novos atores surgirão e redistribuirão poder econômico.

Reflexão final

O Brasil tem em mãos um desafio histórico: transformar seu potencial verde em desenvolvimento sustentável. Para isso, é preciso que governantes tratem o tema com seriedade e que a sociedade compreenda que a transição energética não é ideologia, mas sobrevivência e oportunidade.

Se o país souber conduzir esse processo, poderá se tornar protagonista global de uma nova era — uma era em que energia limpa não é apenas opção, mas condição vital para o futuro da humanidade.

* Renato Zimmermann é desenvolvedor de negócios sustentáveis e ativista da transição energética

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