Domingo, 15 de Setembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 7 de abril de 2023
Três ex-diretores do Banco Central (BC) defenderam a confirmação da meta de inflação em 3% para 2024 e 2025 e a fixação do mesmo patamar para 2026. Para Alexandre Schwartsman, Fabio Kanczuk e Rodrigo Azevedo, a decisão seria uma sinalização importante aos agentes do mercado para evitar que as expectativas se deteriorem ainda mais e ajudaria, portanto, numa queda mais rápida da taxa Selic.
“Se elevar a meta, a sinalização é a de que vai perseguir uma inflação mais alta, e as expectativas têm que refletir a mudança. Isso leva a uma contaminação no comportamento de fixação de preços e salários na economia”, disse Schwartsman, em evento do Bradesco BBI.
No mesmo evento, Kanczuk destacou que se o BC reafirmar que mantém a meta de 2024 e 2025, isto ajuda na queda dos juros. “Parte das expectativas [de inflação] de 2025 e 2026 são geradas por não saber se a meta vai ser mantida ou não”, afirmou.
A crítica à meta de inflação também causa preocupações sobre a diretoria do BC. Rodrigo Azevedo qualificou a discussão em torno da revisão da meta como “contraproducente”. “Estamos no meio de um processo de desinflação muito difícil. Não é o momento de discutir uma taxa mais alta. No Brasil, há um mecanismo inercial que atrela os indicadores à inflação passada, e a meta é o que faz você olhar para a frente.
Schwartsman, por sua vez, afirmou que em um cenário de fortes críticas à meta de inflação e à condução da política monetária, escolher uma diretoria mais complacente com a inflação e subserviente ao poder executivo piora as expectativas e leva a inflação a um patamar acima do que seria normalmente.
Azevedo também comentou a mudança nas previsões de agentes econômicos, que já embutem nos preços a possibilidade de cortes nos juros em junho e esperam uma taxa Selic em torno de 12% no fim do ano.
Os recentes ataques à independência do BC e à manutenção da Selic em 13,75% ao ano, considerada alta pelo governo, foram alvo de críticas dos três economistas. Para Azevedo, a autonomia da autoridade monetária é “reconhecida internacionalmente como o estado da arte”. Segundo ele, a gestão da política monetária implica um custo de curto e médio prazos que muitas vezes não coincide com o custo político com que os governos estão dispostos a arcar.
“Uma coisa é a criticar, outra é atrapalhar o processo. Quem vai pagar o custo é o próprio governo, porque a desinflação vai custar mais caro ou a inflação vai seguir alta [por mais tempo]”, analisou Azevedo.
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