Sábado, 19 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 18 de julho de 2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a ameaçar os países do Brics nesta sexta-feira (18). Durante um evento sobre criptomoedas nesta sexta, o republicano voltou a dizer que o bloco está tentando tirar a liderança do dólar no mundo, reiterando que o grupo acabaria “muito rapidamente se eles realmente se formarem de forma significativa” — ou seja, se seguirem adiante com a criação de uma moeda própria de negociação.
“Quando ouvi falar desse grupo dos Brics, basicamente seis países, fiquei muito, muito chateado. E se eles realmente se formarem de forma significativa, isso acabará muito rápido”, afirmou Trump, destacando que estava comprometido em preservar a liderança global do dólar.
O Brics é um grupo de países emergentes que inclui Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Egito, Arábia Saudita, Etiópia, Indonésia e Irã.
As ameaças do republicano se referem à indicação de que os países do Brics podem buscar um sistema de pagamento em moedas locais, ou seja, uma alternativa ao dólar nas transações comerciais do grupo. A medida é uma das prioridades do Brasil dentro do grupo.
Essa também não foi a primeira vez que o presidente norte-americano ameaçou o grupo de países emergentes. No início deste mês, Trump afirmou que o Brics seriam submetidos a uma tarifa de 10% “muito em breve”, em retaliação à tentativa do bloco de enfraquecer os EUA e substituir o dólar como moeda padrão global.
“Se eles quiserem jogar esse jogo, tudo bem. Mas eu também sei jogar”, afirmou Trump na época. “Qualquer país que fizer parte do Brics receberá uma tarifa de 10%, apenas por esse motivo”, disse, acrescentando que a medida deve ser implementada “muito em breve”.
O presidente Lula defende a adoção de uma moeda diferente do dólar para comércio entre países do grupo há anos. À época, após a ameaça de Trump sobre impor uma tarifa sobre o bloco, Lula afirmou “não achar uma coisa muito responsável e séria” que um presidente da República de um país do tamanho dos EUA ficasse “ameaçando o mundo através da internet”.
Tarifaço
Empresários diretamente envolvidos nos debates com o governo para formular uma estratégia de negociação do tarifaço imposto por Donald Trump relataram que a operação da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro, nesta sexta-feira (18), amplia as dificuldades do Brasil em negociar com os Estados Unidos para que a medida seja revista pela Casa Branca.
A avaliação é de que a soberania brasileira e a autonomia dos Poderes nacionais são inegociáveis e não devem ser colocadas à mesa com os americanos em nenhum momento.
No entanto, consideram que a ação foi desnecessária e poderia ter sido evitada ou adiada, diante das dificuldades enfrentadas pelo Brasil nas tratativas com Trump. Um desses empresários apontou ser “complicadíssimo” prosseguir com as negociações, que envolvem três frentes de tensão simultâneas.
Outro empresário avaliou que a operação poderá ter efeito reverso sobre o STF ao dar repercussão mundial às alegações da defesa de Bolsonaro sobre o processo jurídico e fomentar dúvidas quanto à imparcialidade da Corte nesse julgamento.
Um sinal nesse sentido, segundo um dos negociadores, poderá ser o endurecimento da posição dos Estados Unidos quanto à exigência empresarial de suspender ou rever a nova tarifa. Diante do cenário de maior dificuldade, as críticas à condução das negociações por parte do governo aumentaram após a operação.
No Ar: Pampa Na Madrugada