Domingo, 15 de Junho de 2025

Home Colunistas Tumulto e revolta contra a prisão e deportação de imigrantes ilegais: será que o problema é só a defesa de trabalhadores sem ficha criminal e suas famílias?

Compartilhe esta notícia:

Como já era anunciado pelo então candidato Donald Trump, a vida dos imigrantes ilegais seria muito mais complicada após sua posse. Até aí nenhuma surpresa, a promessa de campanha se cumpriria e os rigores da lei seriam aplicados, doa a quem doer. As deportações aumentaram significativamente e as fronteiras estão bem mais controladas, além da revogação de vários benefícios a imigrantes já em solo estadunidense. A Justiça tem julgado com maior rapidez os pedidos de asilo (mais de 70% negados) e tranquilidade que existia para aqueles que estão ilegais no país desapareceu. Há diferença enorme entre aqueles que estão nos Estados Unidos praticando crimes graves, formando quadrilhas internacionais, traficando drogas e seres humanos e tentando implantar o terrorismo e aqueles que apesar de não terem documentos estão trabalhando honestamente e procurando vida mais digna para sua família.

Apesar dos exageros cometidos pelo ICE (Serviço de Imigração e Alfândega), mais conhecida como Polícia da Imigração, a esmagadora maioria dos deportados e aqueles que continuam detidos, tinham antecedentes criminais aqui ou no país onde nasceu. Pela lei federal dos Estados Unidos, o simples fato de ter entrado ou permanecido em solo estadunidense sem a devida autorização, constitui crime federal, ou seja, os Estados não têm autonomia sobre este assunto. Em várias cidades e Estados “santuários” vem ocorrendo manifestações contra as prisões e deportações.

Entenda-se por “santuários” as cidades e Estados cujos Prefeitos e Governadores são mais tolerantes e aprovam leis que beneficiam imigrantes sem documentos. As manifestações que ocorreram nos Estados de Nova York, Nova Jersey, Massachusetts e Colorado foram significativas mas dentro da lei e sem violência. Até aí o direito de protestar e manifestar a opinião deve ser respeitado, todavia os eventos que tiveram local na Califórnia no último final de semana são inaceitáveis, desproporcionais e ilegais. Infelizmente a legislação do Estado da Califórnia tem incentivado furtos, consumo de drogas e enfraquecimento da polícia.

Depredação de patrimônio público e particular, violência, incendiar viaturas policiais, carros particulares e interditar vias públicas essenciais vão muito além do direito de protestar.

O envio de tropas da Guarda Nacional para a Califórnia escancara a divergência e inimizade entre o Presidente e o Governador e, ambos têm algum respaldo legal para enviar ou não concordar com a atuação sem autorização do Governador, todavia a pergunta que não se cala é: Quem vai terminar com esta violência??? Nos outros Estados “santuários” quando as manifestações apontavam para o excesso e tumultos a polícia municipal e estadual interviram e controlaram o assunto sem proibir as concentrações.

Por que o mesmo não ocorreu na Califórnia? Tem muito mais coisa envolvida que a defesa de imigrantes ilegais e suas famílias que trabalham honestamente. Além da vaidade política e animosidade entre as partes envolvidas, Presidente e Governador, a liberalidade excessiva reinante na Califórina parece estar se voltando contra ela. Para se ter idéia, nos últimos 12 anos, mais de 18 mil empresas saíram do Estado, o índice demográfico está caindo, os impostos sobre imóveis aumentaram demais e 13 mil negócios foram fechados entre 2009 e 2016.

A taxa de desemprego é a mais alta dos Estados Unidos, com mais de 150 mil desabrigados. A dívida pública do Estado é a maior entre todos os Estados, superior a US$ 600 bilhões de dólares conforme levantamento de 2022. A gasolina é a mais cara do país e os proprietários de veículos deixam os vidros abertos para evitar que ladrões os quebrem atrás de laptops etc. O refendo popular de 2004 que não considera roubos ou furtos inferiores a 950 dólares como crime, a liberação maior do consumo de drogas e a liberalidade excessiva estão cobrando a fatura. Mais de 3 milhões de americanos saíram da Califórnia e foram residir em outros Estados.

A carga tributária é a mais pesada do país para os contribuintes californianos e a contrapartida não é boa. Volta a salientar, apesar dos exageros cometidos pela Polícia da Imigração (ICE) a atuação catastrófica das autoridades da Califórnia reflete aquilo que foi plantado há muito tempo e está sendo colhido agora. O número inacreditável de moradores de rua, desemprego, violência, sucateamento do serviço público, alta carga tributária, saída de moradores e empresas explicam muitas coisas que vão além da defesa de imigrantes. Será que há algo mais grave envolvido?

 

Dennis Munhoz é jornalista e advogado, foi Presidente da TV Record e Superintendente da Rede TV, atualmente atua como correspondente internacional, Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa, apresentador e jornalista da Rede Mundial e Rede Pampa nos Estados Unidos.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Colunistas

Censura Suprema: quando a liberdade vira ré
Analfabetismo recua no Brasil, mas ainda atinge mais de 9 milhões de pessoas
Deixe seu comentário
Baixe o app da RÁDIO Pampa App Store Google Play

No Ar: Show de Notícias