Domingo, 27 de Julho de 2025

Home Geral “Turismo de guerra”: como exército ucraniano está recrutando brasileiros para combates contra Rússia

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Uma tática de recrutamento tem levado brasileiros a se alistarem como voluntários na guerra entre Ucrânia e Rússia. A prática, disseminada principalmente pelas redes sociais, envolve promessas de facilitação de documentos, apoio logístico e até treinamento militar. As ofertas são feitas por meio de anúncios que se referem ao conflito como o “tour mais perigoso da Europa”.

Nesta semana, a família do mineiro Gabriel Pereira, de 21 anos, confirmou que ele foi recrutado por ucranianos no início do ano e morreu em combate perto da fronteira com a Rússia. Os pais e o irmão afirmam que ainda não têm informações sobre o paradeiro do corpo e não receberam qualquer apoio do governo ucraniano.

Outro caso semelhante é o de Gustavo Viana Lemos, de 31 anos, natural de Santa Catarina. Ex-militar da Marinha do Brasil, ele deixou o país em fevereiro para integrar as forças ucranianas. Segundo a família, amigos relatam que Gustavo teria morrido em missão, mas não há confirmação oficial.

O recrutamento exige que os próprios voluntários arquem com os custos da viagem e mantenham segredo sobre o destino. Ao chegarem à Ucrânia, no entanto, os brasileiros são enviados diretamente para a linha de frente, sem treinamento adequado e sem o suporte prometido.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, nove brasileiros já morreram no conflito e outros 17 estão desaparecidos.

Gabriel Pereira foi atraído pelas redes sociais com promessas de apoio. A família afirma que desconhecia o interesse do jovem em participar desse tipo de “turismo de guerra”. O irmão, João Victor Pereira, conta que só souberam da real localização de Gabriel três semanas após sua chegada à Europa.

Trabalhador como cobrador de ônibus em Belo Horizonte, Gabriel deixou o emprego e pagou com recursos próprios cerca de R$ 3 mil pela viagem. Ele desembarcou em março de 2025, em Varsóvia, na Polônia, e seguiu para Kiev, capital da Ucrânia, onde iniciou os trâmites junto ao exército. Logo depois, foi enviado para missões de combate.

“De Kiev, a gente soube que diziam para os meninos que fariam treinamento, mas, na verdade, já mandavam direto para posições de batalha, já no front de guerra”, relatou o irmão.

Gabriel atuou em diferentes regiões do país, sempre em áreas de combate direto com tropas russas. Manteve contato com a família até 3 de julho, quando, segundo relatos, foi enviado a posições consideradas entre as mais perigosas, sem passaporte e sem preparo adequado. Desde então, está desaparecido.

A família afirma que o jovem morreu em um confronto próximo à fronteira com a Rússia. O nome dele aparece em listas divulgadas por perfis russos que relatam baixas do exército ucraniano. Em 17 de julho, um amigo próximo, que havia retornado ao Brasil antes da missão final, confirmou a morte após contato com colegas que permanecem no país.

Segundo os familiares, Gabriel assinou um contrato que previa o envio do corpo ao Brasil em até 45 dias após a morte. No entanto, como o falecimento não foi reconhecido oficialmente pelo governo ucraniano, o processo está parado.

Relatos indicam que muitos brasileiros recrutados têm seus passaportes retidos pelas forças estrangeiras, o que dificulta a identificação em caso de morte e impede a repatriação dos corpos.

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