Sexta-feira, 26 de Dezembro de 2025

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Uma estrela surgiu no firmamento e, com sua luz, guiou três homens sábios: Melchior, Balthazar e Gaspar. Vindos de terras distintas, cada um trazia consigo a sabedoria forjada pelas intempéries de seus lugares de origem. Melchior, dos altos montes, aprendeu no frio e no silêncio a contemplar os mistérios da vida.

Balthazar, dos desertos, compreendeu que tudo é transitório, como a areia que se move ao vento. Gaspar, das regiões quentes e marcadas pela presença constante da morte, descobriu no silêncio o poder dos remédios e da cura. Três homens íntegros, unidos por uma missão: seguir uma mensagem mística transmitida pelos céus.

A estrela sagrada os conduziu até Jerusalém, onde buscaram o filho de Deus. Lá encontraram Herodes, rei egóico e vaidoso, que, tomado pela tirania e pelo medo de perder poder, tentou manipular os sábios para descobrir onde nascera o Cristo. Herodes prometia adorar o menino, mas tramava em segredo sua morte.

A profecia, guardada por escribas e sacerdotes, anunciava Belém como o lugar do nascimento. E foi ali, em uma manjedoura simples, aquecida pelo calor dos animais, que veio à luz o libertador. O rei dos judeus nasceu não em palácios, mas na humildade, trazendo uma mensagem de paz e esperança para todos os povos.

O evangelho de Lucas narra que anjos apareceram aos pastores, homens simples que vigiam seus rebanhos sob o céu estrelado. A eles foi anunciada uma grande alegria: “Hoje vos nasceu, na cidade de Davi, um Salvador, que é Cristo, o Senhor.” E uma multidão celestial louvou a Deus dizendo: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.” Pastores humildes tornaram-se testemunhas do encontro entre o céu e a terra, entre o criador e sua criação. A palavra “Aleluia” ecoou então e continua a ecoar até nossos dias.

Os magos, guiados novamente pela estrela, encontraram o menino em Belém. Prostraram-se diante dele e ofereceram presentes simbólicos: ouro, para o rei que governa pela justiça; incenso, para o mediador entre o céu e a terra; e mirra, para aquele que enfrentaria a dor e a morte sem fugir de sua missão. Avisados em sonhos, retornaram por outro caminho, evitando a armadilha de Herodes. A estrela, que brilhava em tempos sombrios, tornou-se sinal de que a luz sempre resiste às trevas.

Essa narrativa, repetida há mais de dois mil anos, não é apenas memória religiosa. É também metáfora viva para os tempos atuais. Hoje, em meio à tecnologia avançada, ao acesso irrestrito ao conhecimento e às narrativas incessantes que circulam nas redes sociais, nos perguntamos: ainda preservamos a integridade da mensagem de Jesus? Ou nos perdemos em discursos tendenciosos, em ilusões materiais e em governantes ardilosos que buscam apenas reforçar seus próprios poderes? A estrela que guiou os magos continua a brilhar, mas será que ainda conseguimos enxergá-la?

A mensagem deixada pelo Cristo Salvador, pela Sagrada Família e pelos pastores e magos é clara: amor, luz, paz e harmonia entre os povos. No entanto, em um mundo marcado por guerras, desigualdades e crises ambientais, parece que esquecemos o essencial. A integridade da mensagem não está em palavras repetidas mecanicamente, mas em gestos concretos de solidariedade, justiça e compaixão. É no coração humano que Jesus permanece vivo, e é ali que sua mensagem precisa ser resgatada.

Ao refletir sobre essa história, percebo que a estrela continua a nos chamar. Ela nos lembra que, mesmo em tempos de tirania, manipulação e medo, há sempre um caminho alternativo, como o dos magos que retornaram por outra estrada. A luz não se apaga. Ela se oculta, às vezes, mas permanece no íntimo da humanidade, esperando ser revelada.

Finalizo este artigo com uma mensagem de esperança: que possamos reencontrar a integridade das mensagens que realmente importam. Que a estrela que brilhou em Belém volte a iluminar nossos passos, guiando-nos para além das narrativas vazias e das ilusões materiais. Que possamos, como os magos, reconhecer no silêncio e na humildade a presença daquilo que é eterno. A estrela ainda brilha, e sua mensagem continua a ser entregue. Cabe a nós, hoje, decidir se queremos segui-la.

* Renato Zimmermann é desenvolvedor de negócios sustentáveis e ativista da transição energética

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