Sexta-feira, 05 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 5 de setembro de 2025
Protestos, anúncios e reações marcaram a cerimônia de abertura oficial e desfile dos grandes campeões da Expointer nesta sexta (5) no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. O anúncio da Medida Provisória (MP) do governo federal que prevê um pacote de socorro de R$ 12 bilhões aos produtores endividados não acalmou os ânimos das centenas de agricultores que lotaram parte da arquibancada da pista central do Parque Assis Brasil, onde é realizada a feira.
Durante a cerimônia, os produtores vaiaram fortemente diversas falas, especialmente dos ministros da Agricultura, Carlos Fávaro; do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira; e do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
O governador gaúcho, inclusive, teve o confronto mais duro com os manifestantes. Ele disse que o movimento dos agricultores é legítimo, mas que a reivindicação justa dos produtores estava sofrendo uma “captura política que não colabora com a luta justa”.
“A dor dos nossos produtores é real, mas não pode ficar ofuscada por interesses eleitorais”, disse, dirigindo-se também a representantes do governo federal presentes. Nomes da política gaúcha, como Marcel van Hattem e Luciano Zucco, estavam junto com os manifestantes naquele momento.
Ele desafiou manifestantes a vaiá-lo, dizendo que, mesmo com vaias desde que era vereador em Pelotas, sempre conseguiu vencer eleições, avançando na carreira política. Mas encerrou destacando que, apesar do contexto político, as demandas por soluções são justas.
Os protestos pediam medidas urgentes para solucionar a crise do endividamento dos agricultores gaúchos, em função de contínuas quebras de safras nos últimos anos por estiagens e enchentes. Entre as palavras de ordem, estavam “securitização já” e “queremos solução”.
Também não faltaram críticas ao presidente Lula e seu governo. Além disso, os manifestantes colocaram, dentro da pista central, onde ocorreu o desfile dos campeões da Expointer, coroas de flores e balões pretos para lembrar os produtores rurais que cometeram suicídio devido ao endividamento.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, sofreu vaias durante quase todo seu discurso. Apesar de ter destacado a Medida Provisória do pacote de socorro de R$ 12 bilhões, anunciada mais cedo pelo presidente Lula nas redes sociais, os produtores não pouparam o ministro, gritando “não é suficiente”. Fávaro afirmou que compreendia o momento difícil vivido pelo agronegócio gaúcho.
“Eu me solidarizo com as famílias que não suportaram esse momento”, destacando a lembrança dos produtores que tiraram a própria vida devido às dívidas. No entanto, ele ficou visivelmente incomodado com o protesto realizado no local. “O povo gaúcho é de respeito, e quando se perde respeito se perde a razão”, afirmou.
Também muito vaiado, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, fez uma provocação aos manifestantes. Disse que “as vaias são próprias da democracia. Se tivesse ocorrido o golpe em 8 de janeiro, talvez não poderíamos estar aqui vaiando hoje”.
Teixeira afirmou que a nova MP do governo deve atender 95% dos produtores integrantes do Pronaf e do Pronamp, além de 85% dos demais. “Temos certeza que não estamos resolvendo todos os problemas, mas é o esforço possível da sociedade brasileira”, disse.
A proposta do governo prevê um pacote de socorro de R$ 12 bilhões aos produtores endividados, com prazo de nove anos para pagamento e dois anos de carência. Os valores poderão ser revistos em 2026. Os juros subsidiados serão de 6% para produtores enquadrados no Pronaf (com limite de R$ 250 mil por CPF); 6% para Pronamp (com teto de R$ 1,5 milhão); e 10% para demais produtores (com limite individual de R$ 3 milhões).
A medida vale para produtores com duas perdas de safra nos últimos cinco anos, em municípios que decretaram calamidade duas vezes. Expectativa do governo é de que o benefício atenda a 100 mil produtores rurais.
Segundo levantamento da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), 65 mil produtores rurais gaúchos somam dívidas de R$ 27,4 bilhões junto às principais instituições financeiras que operam crédito rural no Estado (Banco do Brasil, Sicredi e Banrisul).
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