Quinta-feira, 25 de Abril de 2024

Home Você viu? Veja cinco curiosidades sobre a tradução da Bíblia de Lutero

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Há 500 anos, o mais famoso reformador do mundo publicou sua tradução do Novo Testamento para o alemão.

De uma suposta luta com o diabo a uma mulher omitida na tradução, há muitos fatos surpreendentes em torno da edição.

Veja a seguir cinco deles:

Bestseller instantâneo

Não havia listas de bestsellers na época de Martinho Lutero, mas ninguém pode duvidar do sucesso de sua tradução da Bíblia.

Embora não tenha sido a primeira tradução da Bíblia cristã para o alemão, foi a primeira a ser amplamente difundida.

Como o próprio Lutero disse, “ele ouviu o homem comum” para encontrar seu estilo de tradução. Ele não gostava de traduções literais e trabalhou em cada frase por um longo tempo para tornar a leitura mais fácil.

A primeira parte da Bíblia, que consistia na tradução do Novo Testamento para o alemão, foi publicada há quase 500 anos, em setembro de 1522, para a Feira do Livro de Leipzig – evento que ocorre até os dias de hoje.

Na época, foram impressas 3 mil cópias – considerada uma grande tiragem para o período. Cada exemplar custava entre meio gulden e 1,5 guldens, a moeda do sul da Alemanha. Era uma bela soma em dinheiro, mas bem mais barata do que as versões anteriores do Livro Sagrado.

“Antes de Lutero, você tinha que pagar o equivalente, hoje em dia, a um Mercedes Classe S por uma Bíblia impressa. No século 16, uma Bíblia de Lutero era vendida pelo mesmo preço que uma geladeira hoje em dia”, compara o teólogo Hartmut Hövelmann.

A Bíblia se esgotou em três meses e as reimpressões foram feitas rapidamente. A primeira edição foi chamada de “Testamento de setembro”, e a segunda, com revisões, de “Testamento de dezembro”.

A primeira versão da obra de Lutero consistiu na tradução do Novo Testamento e é vista como um dos estopins da Reforma, que dividiu a Igreja Católica. Lutero completou a tradução do Velho Testamento em 1534. A versão completa da Bíblia também foi um sucesso. Cerca de 200.000 cópias foram publicadas antes de Lutero morrer em 1546

Escondido em um castelo

Martinho Lutero não conseguiu traduzir o Novo Testamento na paz de sua casa.

Em 1517, ele publicou suas famosas “95 teses”, protestando contra a prática do clero católico de vender indulgências, por meio das quais os pecadores podiam comprar sua saída do purgatório. Em janeiro de 1521, o papa excomungou Lutero por ele se recusar a revogar suas teses da Reforma.

Três meses depois, Lutero, que já havia sido condenado como herege, se apresentou diante da Dieta em Worms (uma assembleia do Sacro Império Romano Germânico) e foi convidado, pela última vez, a se retratar.

Mais uma vez, ele se recusou a fazê-lo, levando o imperador Carlos 5º a emitir o Édito de Worms, um decreto declarando Lutero um fora da lei e dando a qualquer um o direito de capturá-lo ou até mesmo de matá-lo.

O Príncipe Frederico 3º, Eleitor da Saxônia, conseguiu proteger Lutero, sequestrando-o e escondendo-o no Castelo de Wartburg, na Turíngia.

Lutero ficou lá por 10 meses sob o nome de Junker Jörg e, nesse período, se dedicou a traduzir a Bíblia. A palavra Junker se refere a uma categoria de nobre alemão.

Luta contra o diabo

Seu gabinete no castelo Wartburg é conhecido hoje como “Sala de Lutero”. Lá, ele traduziu o Novo Testamento do grego antigo para o antigo alto alemão, usando traduções latinas como auxílio – por exemplo, a do famoso humanista Erasmus von Rotterdam. Lutero levou 11 semanas para concluir o Novo Testamento.

Diz a lenda que o diabo até o visitou nesta sala uma noite. Lutero ouviu um arranhão e jogou o tinteiro no demônio. Uma mancha de tinta azul teria ficado marcada na parede, ao lado do fogão. Mitos foram criados em torno da mancha desde o século 17, mas não se sabe se ela data mesmo da época de Lutero, já que o cômodo foi repintado várias vezes.

Trabalho em equipe

Depois que Lutero traduziu o Novo Testamento, ele se dedicou ao Antigo Testamento, trabalhando com vários outros teólogos e linguistas. Sozinho, ele não teria conseguido traduzir o texto do hebraico antigo e do aramaico, uma vez que não falava essas duas línguas tão bem quanto o latim e o grego antigo.

Entre seus auxiliares estavam Philip Melanchthon, Caspar Cruciger, Matthäus Aurogallus e Justus Jonas. A tradução foi concluida em 1534.

Terminado o trabalho, Lutero escreveu na “Carta Aberta sobre a Tradução”: “No Livro de Jó, nos esforçamos tanto, Melanchthon, Aurogallus e eu, que mal conseguimos terminar três linhas em quatro dias”.

Versão ilustrada

Algumas edições da tradução da Bíblia de Lutero foram ilustradas com xilogravuras. Onze imagens de página inteira da oficina do artista e impressor Lucas Cranach, inspiradas na série Apocalipse, de Albrecht Dürer, foram exibidas em edições decorativas do “Testamento de setembro”.

Mesmo 500 anos depois, o trabalho de Lutero continua inspirando impressionantes obras de arte. Em 2017, o artista Yadegar Asisi montou na cidade de Wittenberg um grande panorama 360º, com vida e obra do reformador, em alusão ao 500º aniversário da Reforma.

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