Terça-feira, 30 de Setembro de 2025

Home Ciência Veja cinco descobertas surpreendentemente animadoras sobre o Alzheimer neste ano

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Assim como ocorre com muita gente, você pode sentir ansiedade em relação ao risco de desenvolver demência com o envelhecimento.

Em 2019, estimava-se 2,46 milhões de pessoas com 60 anos ou mais vivendo com demência no Brasil. Esse número deve subir exponencialmente nos próximos anos, e atingir 5,05 milhões, em 2039, e 8,74 milhões, em 2049.

Mas houve avanços empolgantes no diagnóstico e nos tratamentos do Alzheimer — que responde por 60% a 80% dos casos de demência —, assim como na compreensão de suas causas biológicas e desenvolvimento. Aproximadamente metade dos casos de demência pode ser evitada ao lidar com fatores de risco já conhecidos, segundo um relatório da Lancet Commission de 2024.

1. Um exame de sangue para Alzheimer

Em maio, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou o primeiro exame de sangue capaz de detectar sinais das placas de beta-amilóide e dos emaranhados de tau — as marcas biológicas da doença de Alzheimer — com mais de 90% de precisão.

“Acho que esse biomarcador sanguíneo vai realmente revolucionar como diagnosticamos, quem pode ser diagnosticado e quem está fazendo o diagnóstico”, comenta Kristine Yaffe, professora e vice-chefe do departamento de psiquiatria da Universidade da Califórnia em San Francisco.

O novo exame de sangue pode ser realizado por um médico de atenção primária e representa o que alguns estão chamando de “democratização dos testes diagnósticos da doença de Alzheimer”, afirma.

Especialistas esperam que o exame de sangue torne o diagnóstico do Alzheimer mais acessível, barato e viável em áreas onde, de outra forma, seria difícil receber um diagnóstico clínico por falta de especialistas ou equipamentos médicos.

2. Intervenções de estilo de vida podem levar à melhor cognição

Em julho, o maior ensaio clínico de intervenção em estilo de vida dos Estados Unidos descobriu que, ao focar simultaneamente em várias áreas — nutrição, exercício, treinamento cognitivo e monitoramento da saúde —, houve melhora nas medidas cognitivas dos participantes em risco de demência. Os que participaram do grupo mais estruturado tiveram resultados melhores do que os que se orientaram sozinhos.

O estudo, conhecido como U.S. POINTER, foi “um grande momento” e “culmina décadas de pesquisa que realmente fundamentaram a intervenção”, incluindo um ensaio anterior realizado na Finlândia, conta Heather, uma das autoras do estudo POINTER.

3. Crescente foco na inflamação

Embora a beta-amilóide continue sendo um alvo das pesquisas, os cientistas estão cada vez mais investigando o papel da inflamação no aumento do risco de demência.

“O Alzheimer é uma doença complexa, e provavelmente não haverá uma única abordagem”, explica Heather.

De fato, um estudo publicado em julho descobriu que pessoas com o gene APOE4 compartilham muitas alterações no sistema imunológico, o que pode explicar sua suscetibilidade não apenas ao Alzheimer, mas também a outras doenças neurodegenerativas.

A inflamação e a disfunção imunológica atravessam diversos distúrbios neurodegenerativos, incluindo demência e Parkinson.

“Acho que há um grande esforço agora em torno da imunomodulação para Alzheimer e outras doenças degenerativas”, pontua Kristine, referindo-se a formas de modificar a atividade do sistema imunológico.

4. Vacinas podem reduzir o risco de demência

Uma das formas de modificar a atividade imunológica associada a menor risco de demência? Vacinas.

Recentemente, vários estudos em larga escala compararam os desfechos de pessoas vacinadas com as não vacinadas. Juntos, fornecem fortes evidências de que vacinas podem ajudar a reduzir o risco de demência.

Em abril, um estudo publicado na Nature acompanhou mais de 280 mil adultos no País de Gales e descobriu que a vacina contra herpes-zóster reduziu em 20% o risco de desenvolver demência em um período de sete anos.

5. Uma nova ligação descoberta com o lítio

Em agosto, um estudo publicado na Nature relatou que o metal lítio pode desempenhar um papel protetor contra o Alzheimer. “A ideia de que o lítio é neuroprotetor já existe há algum tempo”, avisa Kristine, que não participou do estudo.

Em um cérebro saudável, o lítio ajuda a manter o funcionamento adequado dos neurônios. O carbonato de lítio também é usado no tratamento do transtorno bipolar.

O estudo, realizado em camundongos, descobriu que as placas de beta-amilóide aprisionavam o lítio, tornando-o menos eficaz. E baixos níveis de lítio produziam um ambiente inflamatório no cérebro, marcado por acúmulo acelerado de placas de beta-amilóide e emaranhados de tau.

Os pesquisadores relataram que pequenas doses de orotato de lítio poderiam reverter a doença e restaurar a função cerebral — apontando para uma terapia promissora a ser testada em humanos.

 

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