Domingo, 15 de Setembro de 2024

Home Economia Veja como o dólar valorizado afeta a todos

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O valor do dólar americano está em disparada há mais de um ano em relação a todas as moedas, desde a libra esterlina do outro lado do Atlântico até o won sul-coreano do outro lado do Pacífico.

Depois de subir novamente no final da última semana, o dólar está próximo de seu nível mais alto em mais de duas décadas, de acordo com um índice que mede seis das principais moedas, incluindo o euro e o iene japonês. Muitos investidores profissionais não esperam que ele desacelere tão cedo.

A alta do dólar afeta praticamente todos, mesmo as pessoas que nunca sairiam das fronteiras dos EUA. Vamos examinar o que está causando a alta do dólar americano e o que isso pode significar para investidores e famílias.

Mas o que significa dizer que o dólar está mais valorizado? Essencialmente, que um dólar pode comprar mais de outra moeda do que podia antes.

O Índice do Dólar Americano (DXY), que compara o dólar com o euro, o iene e outras moedas importantes, subiu mais de 14% este ano. O ganho parece ainda mais impressionante se comparado com outros investimentos, que na maioria tiveram um ano desanimador. A bolsa de valores dos EUA caiu mais de 19%, o bitcoin caiu para menos da metade, e o ouro perdeu mais de 7%.

Valorização

O dólar está ficando mais valorizado porque a economia dos EUA está indo melhor do que as outras.
Embora a inflação esteja alta, o mercado de trabalho dos EUA permaneceu consideravelmente estável. E outras áreas da economia, como o setor de serviços, têm se mostrado resilientes.

Isso ajuda a compensar as preocupações com a desaceleração do setor imobiliário e de outras partes da economia que têm resultados melhores quando as taxas de juros caem. Isso, por sua vez, faz com que os investidores sigam na expectativa de que o Banco Central dos EUA, o Fed, cumpra a promessa de continuar a aumentar intensamente os juros e a mantê-los nesse patamar por algum tempo, buscando controlar a pior inflação dos últimos 40 anos.

Essas expectativas ajudaram o rendimento de um título do Tesouro americano com prazo de 10 anos a subir de aproximadamente 1,33%, um ano atrás, para 3,44%.

Um dólar mais forte também ajuda os consumidores americanos, mantendo sob controle os preços das importações e empurrando a inflação para baixo.

Quando o dólar sobe em relação ao euro, por exemplo, as empresas europeias ganham mais euros a cada dólar em vendas. Com esse colchão, elas poderiam reduzir o preço em dólares de seus produtos e ainda ganhar a mesma quantidade de euros. Elas também poderiam manter o preço em dólares e embolsar os euros a mais, ou poderiam encontrar um equilíbrio entre as duas coisas.

Os preços das importações nos EUA caíram 1% em agosto em relação ao mês anterior, após a queda de 1,5% em julho, oferecendo um pouco de alívio em meio à alta inflação do país. Os preços de frutas, castanhas e algumas cascas caíram 8,7%, por exemplo. Estão 3% mais baixos em relação ao ano anterior.

Um dólar mais valorizado pode manter sob controle os preços das commodities em geral nos EUA, porque petróleo e ouro, entre outras, são comprados e vendidos em dólares no mundo inteiro. Quando o dólar sobe em relação ao iene, um comprador japonês pode receber menos barris de óleo cru pelo menos número de ienes que antes. Com isso, pode haver menos pressão sobre o preço do petróleo.

Mas nem todos ganham quando o dólar fica mais valorizado. Os lucros das empresas americanas que vendem para o exterior estão sendo achatados.

Danos colaterais

Entretanto, um dólar fortalecido pode criar um aperto financeiro para os países em desenvolvimento. Empresas e governos de mercados emergentes frequentemente tomam empréstimos em dólar, no lugar de sua própria moeda.

Quando precisam pagar as dívidas em dólar, ao mesmo tempo em que suas moedas compram cada vez menos dólares, a situação pode ficar preocupante.

As maiores movimentações do dólar podem já ter passado, mas muitos especialistas esperam que ele permaneça pelo menos na valorização atual por algum tempo.

O último relatório sobre a inflação nos EUA assustou o mercado e mostrou que ela permanece mais resistente do que se esperava. Com isso, os investidores aumentaram as apostas de que a taxa de juros do Fed deve subir até o próximo ano. As autoridades do Fed vêm reafirmando seu compromisso em manter as taxas altas até que “o trabalho esteja concluído” para derrotar a inflação alta no país, ainda que o crescimento econômico seja prejudicado.

Para que o dólar se desvalorize significativamente, segundo escreveram alguns especialistas em um relatório de Pesquisa Global do Bank of America, “o Fed precisaria começar a se preocupar mais com o crescimento do que com a inflação – e ainda não chegamos lá”.

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