Quinta-feira, 25 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 21 de setembro de 2025
A Aviação Militar Bolivariana (AMB) — a Força Aérea da Venezuela — divulgou imagens de parte do arsenal militar empregado na operação de treinamento militar “Caribe Soberano 200”, convocada em meio às tensões exacerbadas com o governo dos Estados Unidos, que enviou nas últimas semanas uma frota naval e aviões militares para a região, sob alegação de combate aos cartéis da droga.
Várias fotos e vídeos dos exercícios militares foram divulgadas pelas Forças Armadas venezuelanas nos últimos dias, revelando parte do arsenal de Caracas. Em uma das gravações, é possível ver um caça de fabricação russa Sukhoi-30, equipado com mísseis antinavio — em uma aparente mensagem a Washington, que enviou contratorpedeiros, navios de transporte e um submarino nuclear para a região.
A publicação detalha que os caças fazem parte do 13º Grupo Aéreo de Caça “Lions”, armados com mísseis ar-superfície antinavio Kh-31 “Krypton”, também de fabricação russa.
Em entrevista coletiva em Caracas, na quarta-feira, o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, afirmou que os exercícios “Caribe Soberano 200”, realizados na Ilha de La Orchila, incluem ações “de grupos de tarefas conjuntas aeroespaciais, forças especiais, de inteligência e de guerra eletrônica e terrestre”.
A ilha, que abriga uma base naval venezuelana, está a cerca de 180 km da costa do país, e fica perto do local onde uma embarcação pesqueira foi interceptada por um navio americano, no sábado, um incidente duramente criticado por Caracas.
“Temos que lembrar o que significa o Mar do Caribe para nós. Ao ameaçar a Venezuela, eles também ameaçam o Caribe e a América Latina”, afirmou Padrino.
Ainda serão testados, de acordo com o ministro, sistemas de defesa e artilharia antiaérea, e estão previstos exercícios de infiltração aérea, marítima e terrestre, envolvendo embarcações e veículos de todos os tipos. Um outro vídeo divulgado pelas forças armadas mostra uma operação anfíbio, com o desembarque de tropas e blindados.
Outras gravações mostram treinamentos com paraquedistas e veículos blindados. Também foram publicadas atividades com disparo de artilharia antiaérea — em 5 de setembro, Washington ordenou o envio de dez caças F-35 para um campo de aviação em Porto Rico, horas depois de o Departamento de Defesa dos EUA — rebatizado por Trump como Departamento de Guerra — afirmar que dois aviões militares venezuelanos voaram perto de um navio da Marinha americana em águas internacionais.
Entenda o caso
As manobras foram anunciadas em um momento crítico das relações entre Estados Unidos e Venezuela, que pode ter impactos de segurança para toda a região.
Em agosto, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou o deslocamento de forças navais para o Caribe, sob pretexto de atuarem no combate a cartéis do tráfico de drogas na região. Imediatamente, sinais de alerta se acenderam na Venezuela, onde o presidente Nicolás Maduro é acusado de ser o líder de uma organização criminosa conhecida como Cartel dos Sóis, associada ao comando militar local, e há uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à sua captura — Caracas nega qualquer relação de Maduro ou seus comandantes com o grupo.
Desde então, ao menos três barcos acusados de serem ligados ao tráfico foram destruídos pelos americanos — em um dos ataques, no começo do mês, 11 pessoas morreram, o que levantou questões sobre a legalidade das ações dos EUA, inclusive por parte dos parlamentares de oposição a Trump. Até o momento, a Casa Branca nega ter planos para derrubar Maduro.
Pelo lado venezuelano, o governo ordenou que suas Forças Armadas fossem colocadas em estado de alerta, e lançou uma campanha para que os cidadãos se juntem a milícias voluntárias, uma iniciativa que, segundo o Palácio de Miraflores, atraiu milhões de pessoas. Nos últimos dias, também foram convocados exercícios de treinamento básico para o emprego de armas de fogo e de táticas de combate. No sábado, esses treinamentos foram realizados em mais de 300 quartéis no país.
Para o ministro do Interior, Diosdado Cabello, em declarações feitas na semana passada, as movimentações americanas “não têm nada a ver com drogas”, mas sim “com uma mudança de regime, afirmando que seu país está pronto para uma “guerra prolongada”. As informações são do jornal O Globo