Terça-feira, 19 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 19 de agosto de 2025
A Food and Drug Administration (FDA), agência do governo dos EUA que regula medicamentos e produtos de saúde, aprovou na última sexta-feira o uso do medicamento para perda de peso Wegovy no tratamento de uma doença hepática em crescimento. Estima-se que cerca de 15 milhões de pessoas — o equivalente a 6% dos adultos nos Estados Unidos — sofram de esteato-hepatite associada à disfunção metabólica, conhecida como MASH, cuja incidência não para de aumentar.
A condição ocorre quando a gordura se acumula no fígado, provocando cicatrizes, danos celulares e inflamação. O MASH pode evoluir para câncer de fígado e até levar à morte, sendo também uma das principais causas que levam os americanos a buscar transplantes de fígado.
O Wegovy, aplicado por injeção semanal, agora está aprovado para adultos com MASH e níveis moderados a avançados de fibrose, ou excesso de tecido cicatricial no fígado. O medicamento não é indicado para pessoas com cirrose, uma condição caracterizada por cicatrização e danos graves ao órgão. A Novo Nordisk, fabricante do Wegovy e de seu “irmão” Ozempic, solicitou a aprovação após apresentar dados de um estudo clínico muito aguardado.
No estudo, cerca de 63% dos participantes que receberam o medicamento apresentaram redução da gordura e da inflamação no fígado, sem piora da fibrose, contra aproximadamente 34% daqueles que tomaram placebo.
— É realmente empolgante e ajuda a superar o estigma de que estamos apenas tratando o peso por motivos estéticos. Com esses medicamentos, também estamos observando benefícios metabólicos — afirma Andrew Kraftson, professor associado clínico da divisão de metabolismo, endocrinologia e diabetes da Michigan Medicine.
Os cientistas ainda não entendem completamente como o medicamento atua no tratamento do MASH. Parte do efeito pode ser simplesmente a perda de peso: como a doença está fortemente associada à obesidade, a redução do peso corporal com Wegovy ajuda a melhorar o quadro. No entanto, os pesquisadores acreditam que o medicamento também pode trazer outros benefícios, como a possível redução da inflamação no fígado.
Quem utiliza Wegovy costuma apresentar efeitos gastrointestinais, principalmente nos primeiros meses de uso, como náusea, vômito, dor abdominal, constipação e diarreia. Alguns pacientes também relatam dores de cabeça, tontura e cansaço. Segundo Kraftson, médicos que prescrevem o medicamento para pessoas com MASH precisarão acompanhar os pacientes de perto para evitar perda de peso excessiva.
Atualmente, existe apenas mais um medicamento disponível para tratar o MASH: o Rezdiffra, uma pílula que ativa um receptor no fígado para reduzir a inflamação e o acúmulo de gordura. A cirurgia bariátrica também tem mostrado resultados promissores. No entanto, muitas vezes os médicos apenas recomendam que os pacientes percam peso, “mas nem sempre oferecendo as ferramentas necessárias”, afirma o especialista.
O Wegovy será uma adição bem-vinda às opções de tratamento disponíveis, desde que os pacientes consigam acessá-lo. O preço de tabela do medicamento ultrapassa US$ 1.300 (R$ 7.065, na cotação atual) por mês, embora a maioria das pessoas não pague esse valor integral. Além disso, muitas pessoas perderam a cobertura de seguro para medicamentos de perda de peso nos EUA, à medida que os planos de saúde enfrentam dificuldades para arcar com os custos.
O desafio pode aumentar à medida que mais pessoas se qualificam para o uso desses medicamentos. Esta é a primeira vez que o Wegovy é aprovado oficialmente para pacientes que não apresentam sobrepeso ou obesidade, o que pode expandir consideravelmente o público interessado no tratamento.
A lista de condições para as quais esses medicamentos estão sendo estudados continua crescendo. No ano passado, o FDA aprovou o Wegovy para reduzir o risco de ataques cardíacos e derrames em pessoas com sobrepeso ou obesidade. Em janeiro, a agência autorizou o Ozempic — que contém o mesmo composto do Wegovy — para tratar doença renal em pacientes com diabetes. Já o Zepbound, medicamento semelhante da concorrente Eli Lilly, recebeu aprovação em dezembro para pessoas com obesidade e apneia do sono. Com informações do portal O Globo.
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