Quarta-feira, 03 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 3 de dezembro de 2025
A plataforma de vídeos YouTube criticou a proibição australiana para que menores de 16 anos acessem redes sociais, e classificou a disposição como “apressada” e não realista. A empresa argumenta que a medida foi construída de forma precipitada, sem levar em consideração as particularidades do uso da plataforma por adolescentes e sem apresentar evidências de que a restrição, tal como foi formulada, produzirá os efeitos desejados. Para o YouTube, trata-se de uma decisão governamental que pode criar mais problemas do que soluções, especialmente no que diz respeito ao acesso seguro a conteúdo educativo e informativo.
A partir de 10 de dezembro, pessoas com menos de 16 anos estarão proibidas de acessar algumas das plataformas mais populares de redes sociais e sites, como Facebook, Instagram, TikTok e YouTube. Essa nova legislação faz parte de um esforço mais amplo do governo australiano para tentar conter aquilo que autoridades classificam como riscos crescentes associados ao uso de redes sociais por crianças e adolescentes. Entre esses riscos, citam-se exposição a conteúdos nocivos, interação com desconhecidos, coleta excessiva de dados pessoais e influência de mecanismos de recomendação baseados em inteligência artificial.
“Esta lei não cumprirá sua promessa de fazer com que as crianças estejam mais seguras na internet e, de fato, fará com que as crianças australianas estejam menos seguras no YouTube”, disse em comunicado a gerente de política pública da plataforma, Rachel Lord. Segundo ela, ao impedir completamente o acesso, o governo elimina ferramentas que atualmente já operam para proteger os jovens, como controles parentais, modos de supervisão e recomendações restritas. Além disso, Lord ressalta que os adolescentes podem buscar maneiras alternativas de acessar conteúdos online sem supervisão, o que aumentaria a vulnerabilidade geral.
“Ouvimos relatos de pais e educadores que compartilham essas preocupações”, acrescentou. Para muitos profissionais da educação, o YouTube funciona como um recurso didático fundamental, amplamente utilizado dentro e fora da sala de aula, oferecendo desde aulas completas até vídeos curtos que auxiliam no entendimento de temas variados. A eliminação total desse acesso, segundo esses críticos, criaria obstáculos ao aprendizado e reduziria a disponibilidade de materiais confiáveis.
O YouTube, um dos sites mais visitados do mundo, seria originalmente excluído da proibição para que os menores de 16 anos pudessem acessar vídeos educativos. No entanto, essa exceção acabou sendo revista após longas discussões internas no governo e pressões de grupos que defendem que qualquer plataforma operada por grandes empresas de tecnologia representa riscos significativos para menores.
Mas o governo australiano mudou de posição em julho ao afirmar que os usuários jovens devem ser protegidos dos “algoritmos predadores”. Essa expressão refere-se a sistemas de recomendação que, segundo autoridades, podem empurrar crianças para conteúdos inadequados ou viciante, mesmo quando o uso inicialmente parece inofensivo.
O YouTube afirmou que todos os usuários australianos menores de 16 anos serão desconectados automaticamente da plataforma a partir de 10 de dezembro. A empresa afirma que continuará dialogando com o governo na tentativa de encontrar alternativas mais equilibradas, que preservem a segurança sem eliminar oportunidades educacionais essenciais. (Com informações da agência AFP)