Quinta-feira, 06 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 6 de novembro de 2025
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) informou nesta quinta-feira (6) que 2025 está a caminho de se tornar o segundo ou o terceiro ano mais quente já registrado, mantendo a tendência de aquecimento extremo que vem se consolidando na última década.
O boletim, divulgado pela agência da ONU a poucos dias da abertura oficial da COP30, em Belém (PA), mostra que as concentrações de gases do efeito estufa e o calor nos oceanos atingiram níveis sem precedentes. Fora isso, geleiras e calotas polares também continuam em retração acelerada, ainda segundo o relatório.
“Essa sequência sem precedentes de altas temperaturas, combinada com o aumento recorde dos níveis de gases de efeito estufa no ano passado, deixa claro que será praticamente impossível limitar o aquecimento global a 1,5 °C nos próximos anos sem ultrapassar temporariamente essa meta”, alertou Celeste Saulo, secretária-geral da OMM
“Mas a ciência é igualmente clara: ainda é totalmente possível e essencial reduzir as temperaturas para 1,5 °C até o final do século”, acrescentou.
Essa meta de 1,5°C foi estabelecida pelo Acordo de Paris em 2015 para evitar impactos extremos do clima, como secas, elevação do mar e colapso de geleiras. Estudos recentes, porém, mostram que o mundo pode já ter ultrapassado esse ponto crítico.
O relatório também foi citado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, em seu discurso em Belém durante a Cúpula dos Líderes.
“Em cada ano em que se ultrapassar o limiar de 1,5 °C, as economias serão severamente afetadas, as desigualdades se agravarão e ocorrerão danos irreversíveis”, disse.
“Devemos agir agora, com grande rapidez e em larga escala, para que esse aumento seja o menor, o mais curto e o mais seguro possível – e para que as temperaturas voltem a ficar abaixo de 1,5°C antes do final do século.”
Essas metas são o principal instrumento do Acordo de Paris para enfrentar a crise climática. A NDC atual do Brasil, por exemplo, inclui a meta de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 53% até 2030 e zerar as emissões líquidas até 2050.
Ainda segundo a OMM, de janeiro a agosto de 2025, a temperatura média global ficou 1,42 °C acima da era pré-industrial, ligeiramente abaixo do recorde de 2024 (1,55 °C).
Mesmo assim, os últimos 11 anos (2015–2025) serão, individualmente, os 11 mais quentes desde o início dos registros, há 176 anos.
As concentrações dos três principais gases de efeito estufa – dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄) e óxido nitroso (N₂O) – também voltaram a quebrar recordes.
O CO₂ chegou a 423,9 partes por milhão em 2024, o valor mais alto já observado, com aumento inédito de 3,5 ppm em apenas um ano, segundo medições em estações como Mauna Loa (EUA) e Kennaook/Cape Grim (Austrália).
“Partes por milhão” (ppm) é uma forma de mostrar quantas moléculas de uma determinada substância existem em cada milhão de moléculas de ar. No caso do dióxido de carbono (CO₂), por exemplo, 423,9 ppm significa que há 423,9 moléculas de CO₂ em cada milhão de moléculas de ar
Desde 1750, a concentração de CO₂ subiu 53%, a de metano aumentou 166% e a de N₂O, 25%. A OMM ressalta que a queima de combustíveis fósseis continua sendo a principal fonte de emissões desde os anos 1950.
O documento destaca ainda que o aquecimento provocado pelo El Niño entre 2023 e 2024 deu lugar a uma fase neutra ou de La Niña em 2025.
Por isso, a temperatura média global da superfície entre janeiro e agosto deste ano ficou 1,42 °C acima da era pré-industrial, um pouco abaixo do recorde de 2024, que foi de 1,55 °C.
Mesmo assim, o período de junho de 2023 a agosto de 2025 registrou 26 meses seguidos de recordes mensais de calor, com exceção de fevereiro de 2025.
A OMM explica que o forte aquecimento observado nos últimos três anos está ligado ao fim de uma longa fase de La Niña (2020–2023) e também à redução de aerossóis e outros fatores que contribuíram para intensificar as temperaturas globais.