Quinta-feira, 17 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 16 de julho de 2025
A direita passou a sinalizar, em público e nos bastidores, a possibilidade de chegar pulverizada à eleição para a Presidência em 2026 e fracassar na tentativa de unificação, como prega parte dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As reações no segmento à taxação de 50% aos produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reforçaram a percepção de que mais de uma candidatura pode se colocar para o primeiro turno. No segundo, contudo, a expectativa é de aglutinação em torno do nome que se classificar para um embate que é projetado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A lista de presidenciáveis da direita e da centro-direita inclui hoje cinco governadores – Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União-GO), Ratinho Jr. (PSD-PR), Romeu Zema (Novo-MG) e Eduardo Leite (PSD-RS) – e familiares de Bolsonaro, com o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) à frente.
A indefinição do ex-presidente, que está inelegível até 2030 e posterga o apoio a um sucessor enquanto é julgado por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF), é um fator que potencializa movimentações isoladas dos pré-candidatos, embora eles busquem manter laços com Bolsonaro. Os mais alinhados defendem em público que ele possa concorrer.
Tarcísio, que oficialmente se apresenta como pré-candidato à reeleição, é visto no grupo como o nome mais provável de ser ungido por Bolsonaro e aquele que conseguiria articular um consenso, resultando em desistências. No entanto, ficou explícita na última semana a oposição de Eduardo ao nome do governador de São Paulo, em meio à busca de discurso para evitar desgastes eleitorais com a ameaça de retaliação de Trump ao Brasil e as consequências econômicas.
Eduardo x Tarcísio
O deputado, apontado como maior responsável por influenciar a decisão americana, reagiu com contrariedade à iniciativa de Tarcísio de procurar a embaixada para negociar a revisão da taxação. Após reunião do governador com a diplomacia, Eduardo foi às redes dizer que a prioridade é pressionar o Brasil a adotar “anistia ampla, geral e irrestrita” e repudiou “qualquer tentativa de acordo sem um primeiro passo do regime [brasileiro] em direção a uma democracia”.
Nos bastidores, Eduardo já vinha se articulando para demover o pai da possibilidade de apoiar Tarcísio, mencionando o risco de entregar o capital político da família a um aliado externo. Sua tentativa era a de se contrapor aos apelos de líderes do Centrão e de setores econômicos que pressionam Bolsonaro a optar pelo governador. A repercussão da ofensiva de Trump será decisiva para Eduardo, já que falta clareza ainda sobre como ficará a avaliação dele na opinião pública após ter instigado a pressão dos EUA ao Judiciário brasileiro em favor do ex-presidente.
O episódio com Trump vem sendo explorado por Lula, com a bandeira da soberania nacional e a atribuição de culpa ao lado rival pelos possíveis efeitos negativos. Um dos principais alvejados pelo PT foi Tarcísio, que nas semanas anteriores vinha se firmando como o provável adversário de Lula. Aliados do governador sustentam que ele só irá para a disputa se receber “um chamado” de Bolsonaro, mas se somará, de qualquer forma, aos esforços para que o antipetismo seja a corrente vitoriosa em 2026.
Fragmentação
Segundo dirigentes partidários e estrategistas envolvidos nas pré-campanhas da direita, o risco de fragmentação se ampliou após a tarifa, uma vez que os governadores tiveram que calibrar os discursos. O tom geral, num primeiro momento, foi o de responsabilizar a política externa de Lula e o STF pela decisão de Trump. Mas Zema, por exemplo, falou depois em “medida errada e injusta” dos EUA.
Aliados do mineiro, sob reserva, dizem que a tendência dele é se lançar “em qualquer circunstância” e que uma unificação será “difícil”.
Há uma leitura de que Zema e Caiado, que vão concluir o segundo mandato em seus Estados, não têm nada a perder com a candidatura nacional. O goiano declara abertamente que só recuará se Bolsonaro recuperar os direitos e puder concorrer, situação pouco provável. Caiado é o único que lançou uma pré-candidatura, mas seu partido está dividido sobre o projeto. O governador disse, neste mês, que um primeiro turno com múltiplas candidaturas será um “momento do debate”, deixando a “convergência” para a etapa seguinte.
No caso do PSD, a participação no primeiro turno está condicionada a uma ausência de Tarcísio entre os competidores, segundo o presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, que é secretário no governo paulista. Num cenário sem Tarcísio, o nome mais cotado para avançar entre os dois presidenciáveis da sigla é o de Ratinho. Ambos buscam ter postura moderada e antipolarização. (Com informações do Valor Econômico)
No Ar: Pampa Na Madrugada