Segunda-feira, 01 de Dezembro de 2025

Home Saúde A surpreendente ligação entre os cabelos grisalhos e o câncer

Compartilhe esta notícia:

Pesquisas recentes têm revelado que os cabelos grisalhos podem ser uma manifestação externa da intricada defesa do corpo contra o câncer.

Um novo estudo feito em camundongos lançou luz sobre as marcantes maneiras com as quais os nossos corpos lidam com os danos celulares — um processo fundamental tanto para o envelhecimento quanto para o câncer. No envelhecimento, os danos celulares gradualmente enfraquecem e desorganizam o funcionamento das células. No câncer, células defeituosas ou não reparadas podem levar a um crescimento anormal e à formação de tumores.

Esse estudo destacou a ligação surpreendente entre a perda de pigmentação no nosso cabelo e os mecanismos que podem manter afastados os cânceres letais.

As células-tronco de melanócitos estão no centro dessa descoberta. Essas células residem nas profundezas dos folículos capilares e servem de reservatório para os melanócitos — células produtoras de pigmento responsáveis pela cor do cabelo e da pele.

Em circunstâncias normais, nossas células-tronco de melanócitos reabastecem essas células produtoras de pigmento por meio da regeneração cíclica, um processo caracterizado por fases repetidas de atividade, repouso e renovação em sincronia com os ciclos naturais de crescimento e queda do cabelo. Isso garante um suprimento constante de pigmento e, portanto, uma cor de cabelo vibrante durante a maior parte de nossas vidas.

Mas todos os dias, nossas células sofrem agressões ao seu próprio DNA (o material genético dentro das células) provenientes de fontes como radiação ultravioleta, exposição a produtos químicos e até mesmo o nosso próprio processo de metabolismo celular. Esse dano celular contribui tanto para o envelhecimento quanto para o risco de cânceres — como o melanoma, por exemplo, um tipo de câncer de pele.

Este novo estudo esclarece o que acontece quando as células-tronco de melanócitos, localizadas nas profundezas do nicho de suporte do folículo piloso, sofrem danos no DNA — particularmente, um tipo de dano chamado quebra de fita dupla.

Quando isso acontece, células-tronco de melanócitos podem passar por um processo chamado “senodiferenciação”. Essencialmente, isso significa que as células-tronco amadurecem irreversivelmente como células pigmentares — e então desaparecem do conjunto de células-tronco, levando ao aparecimento gradual de cabelos grisalhos.

Esse processo protetivo é rigidamente regulado por vias de sinalização internas que permitem que as células se comuniquem entre si. Ao remover essas células maduras da população de células-tronco, evita-se o acúmulo e a possível disseminação futura de mutações genéticas ou alterações no DNA que poderiam promover o câncer.

De certa forma, cada cabelo grisalho é uma pequena vitória do auto-sacrifício corporal: uma célula que opta por se retirar em vez de correr o risco de se tornar maligna.

Relação com o câncer

Nem todos os danos no DNA desencadeiam esse processo protetivo. Em seus experimentos, os pesquisadores expuseram células-tronco de melanócitos de camundongos a potentes substâncias químicas cancerígenas, bem como à radiação UV. Notavelmente, sob esses fatores de estresse, descobriu-se que as células-tronco de melanócitos ignoravam completamente a “senodiferenciação”.

Em vez disso, sinais dos tecidos circundantes realmente incentivavam as células danificadas a se renovarem e continuarem se dividindo — apesar de carregarem danos genéticos. Isso criou um ambiente celular propício para o surgimento do melanoma.

Esta pesquisa sugere que o destino das células-tronco de melanócitos parece depender tanto do tipo específico de dano que recebem quanto das pistas moleculares presentes em seu microambiente. Fatores de estresse, como produtos químicos ou luz UV, que causam a quebra das cadeias de DNA das células, também fazem com que as células-tronco de melanócitos se destruam por padrão. Esse mesmo processo gera os cabelos grisalhos.

Mas quando sob a influência de células cancerosas, essas células-tronco de melanócitos danificadas persistem — criando sementes a partir das quais o melanoma pode crescer.

Os cientistas descrevem essa dinâmica como “destinos antagônicos” — em que a mesma população de células-tronco pode seguir dois caminhos dramaticamente diferentes, dependendo das circunstâncias.

É importante ressaltar que essas descobertas reinterpretam os cabelos grisalhos e o melanoma não como resultados não relacionados, mas como destinos gêmeos da antiga luta do corpo para equilibrar a renovação dos tecidos e evitar o câncer. O envelhecimento não é, por si só, uma proteção contra o câncer, mas sim um subproduto de um processo protetor que elimina células de risco. As informações são da BBC Brasil.

 

 

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Saúde

Refrigerante pode agravar sintomas depressivos? Novo estudo afirma que sim
Bactérias intestinais podem afetar o sono? Veja o que a ciência revela
Deixe seu comentário
Baixe o app da RÁDIO Pampa App Store Google Play
Ocultar
Fechar
Clique no botão acima para ouvir ao vivo
Volume

No Ar: Programa Resumo da semana