Sexta-feira, 29 de Março de 2024

Home Brasil Acusado de matar Marielle Franco girou 630 mil reais com negociação de armas

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Réu pelos homicídios da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, o sargento Ronnie Lessa movimentou pouco mais de R$ 630 mil com transações envolvendo armas em um período de cinco anos, entre janeiro de 2014 e dezembro de 2018.

A informação consta na denúncia feita pela Força Tarefa do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/FTMA) do Ministério Público do Rio (MP-RJ) contra o policial militar e a esposa dele, Elaine Figueiredo Lessa, pelo crime de lavagem de dinheiro.

O casal, que já se encontrava atrás das grades, teve nova prisão decretada pela 1ª Vara Criminal Especializada, que aceitou a denúncia dos promotores. Marielle e Anderson foram assassinados no dia 14 de março de 2018.

O documento, assinado por oito integrantes do Gaeco, traz detalhes sobre as operações financeiras de Lessa. Os promotores citam uma “comunicação suspeita” entregue pela empresa PayPal, usada para transferências e pagamentos eletrônicos, ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

O informe, ainda de acordo com a denúncia, apontava “inúmeras transações realizadas” pelo sargento, “versando sobre a compra de produtos e acessórios relacionados a armas de pressão (airsoft) que, segundo o próprio comunicante, podem sofrer modificações para utilização em armas de fogo”.

O MP-RJ afirma, então, que uma análise feita pelo Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (LAB-LD) da Polícia Civil confirmou que Lessa movimentou, durante o período de cinco anos, “a quantia de R$ 630.064,36, utilizados na compra de acessórios utilizados para a montagem de armas de fogo”. O montante considera valores que passaram por três diferentes contas no PayPal: uma no nome do próprio sargento, outra na de Elaine e uma terceira no nome da mãe dela, sogra de Lessa, cujo nome não aparece entre os denunciados pelo Gaeco.

A varredura conduzida pelo LAB-LD constatou que as três contas “foram identificadas com o mesmo perfil transacional”. O laudo elaborado pelos especialistas chegou a essa conclusão “por uma combinação de instrumentos financeiros, endereços físicos, endereços de e-mail semelhantes e cookies de computador”.

No trecho anexado à denúncia do MP-RJ, os policiais civis relatam ainda que, segundo o próprio PayPal, “acredita-se que as contas eram controladas pelo analisado Ronie Lessa, pois foram utilizadas de maneira semelhante”.

Em seguida, os promotores recordam os 117 fuzis M16 incompletos apreendidos na casa de Alexandre Motta de Souza em março de 2019. Amigo pessoal de Ronnie, que seria o dono do armamento, ele também figura entre os denunciados pelo MP-RJ por lavagem de dinheiro.

“O volume financeiro empregado por Ronnie Lessa para a aquisição de acessórios voltados à montagem de armas de fogo de uso restrito, aliado ao quantitativo de armamentos apreendidos na residência de Alexandre Motta de Souza, não deixa dúvidas acerca da destinação mercantil destes armamentos, tratando-se seguramente de uma das fontes de renda de origem criminosa que sustentava o luxuoso padrão de vida ostentado por Ronnie Lessa”, asseguram os membros do Gaeco.

Alexandre é apontado pelos promotores como laranja de Lessa em outras operações. Em outubro de 2018, por exemplo, uma lancha adquirida pelo sargento com “recursos inquestionavelmente oriundos de práticas criminosas” foi comprada em nome do amigo do PM.

A embarcação estava avaliada, à época, em pouco mais de R$ 319 mil. Para pagar o novo bem, Lessa entregou uma lancha antiga, no valor de R$ 208 mil, e complementou a diferença através de “transferência bancária a partir de sua conta-corrente”, como consta na denúncia. “Apesar de toda a documentação da nova lancha indicar Alexandre como proprietário formal do bem”, afirma o texto, “as provas coligidas demonstraram que Ronnie Lessa é o seu verdadeiro dono”.

Ainda de acordo com os promotores, ficou evidente ao longo das investigações do assassinato de Marielle e Anderson que havia “incompatibilidade entre a renda formalmente declarada por Ronnie Lessa e o padrão de vida ostentado por ele e sua família”.

A denúncia frisa que “foram apuradas possíveis manobras tendentes a dar roupagem de aparente licitude às receitas de origem, em tese, ilícita obtidas por Ronnie Lessa”. E prossegue: “Fatos estes que, em tese, contaram com a colaboração direta dos denunciados Dennis Lessa, Alexandre Motta e Elaine Lessa”. Dennis, o quarto denunciado, é irmão do sargento.

Com a quebra do sigilo bancário e fiscal autorizada pela Justiça, foi possível verificar, por meio de relatórios de análise, que no período entre 2014 e 2019 “foram identificadas movimentações bancárias em cifras milionárias”.

Chamou a atenção dos investigadores o fato de que a única fonte de renda lícita e justificada por Lessa era proveniente de seus proventos de sargento reformado da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. O PM tinha renda mensal média de R$ 7.095,05.

No citado período, o denunciado recebeu em suas contas créditos que somam R$ 2.837.566,83, e débitos de R$ 2.891.446,57, resultando na movimentação total de R$ 5.729.013,40, apesar de a renda declarada de Ronnie para o período, na condição de reformado da PMERJ, ser de R$ 416.226,17.

“Resta-nos demonstrar a fonte criminosa destes recursos recebidos e não declarados por Ronnie Lessa, para em seguida sustentarmos a prática de atos de lavagem de dinheiro por parte do denunciado, os quais visaram dar aparência de legalidade aos aludidos valores que, após seu branqueamento, passaram a ser utilizados e gozados por Ronnie Lessa e seu núcleo familiar”, diz o MP na denúncia.

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