Sábado, 26 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 24 de julho de 2025
No dia mais frio do ano, a Prefeitura de Porto Alegre realizou 443 acolhimentos de pessoas em vulnerabilidade social nos albergues de Porto Alegre, foi a notícia. Inobstante o enorme esforço da Secretaria de Ação Social, “batendo recordes” em
acolhimentos de pessoas em situação de rua.
Apesar dos esforços, o trabalho infelizmente não está avançando em termos efetivos para solução deste gravíssimo problema social, bem pelo contrário. A situação só piora!
Já há muitos anos os albergues de Porto Alegre perderam o sentido de sua função
precípua de acolhimentos. O que deveria ser um local para atender situações emergenciais e humanitárias, de pessoas que não tendo onde passar noites ou mesmo recursos para pagar um hotel ou pensão , buscam abrigo nos albergues.
A realidade é outra , ao menos em Porto Alegre, é bem diferente. Albergados em um grande número são bem conhecidos destas casas, são fregueses, os quais considero albergados crônicos , uma vez que praticamente moram e lotam os
albergues!
Conhecedores dos seus “direitos”, os albergados crônicos adaptaram-se às dinâmicas
da rede pública de acolhimento em albergues, os albergados recorrentes, tem total domínio destas regras, sabem como fazer para manter suas “residências” ou melhor , a hotelaria paga com recursos públicos, alternando suas estadas de um albergue para outro , “ad aeternum”. É importante separar as categorias de “pessoas em situação de rua” do “morador” de albergues.
São públicos distintos, via de regra “pessoas em situação de rua” não aceitam ir para os
albergues, não querem regras como banho e horário de dormir. Em comum com albergados, só a dependência de drogas ou álcool. Em 2024 o número de pessoas de rua era em torno de 4.200 , atualmente ultrapassa 4.700 pessoas em um sinal claro que as políticas públicas para reduzir estes números não apresentam resultados.
Mesmo que o poder público municipal faça todos esforços para reduzir, os números só
aumentam. Estamos literalmente “enxugando gelo” e com dinheiro público. É preciso rever as leis que dizem que morar na rua e consumir drogas ilícitas é um direito
das pessoas. Esse é o direito mais torto que já vi, com perdão do trocadilho.
Para tornar esta situação ainda mais dramática , existe a demanda de acolhimentos de
pessoas que acompanham pacientes SUS em eventuais emergências em hospitais de Porto Alegre que precisam deste acolhimento , estes não conseguem o benefício. São pais, mães, avós que passam noites em salas de espera, muitas vezes em bancos
de madeira.
São pessoas simples, de cidades do interior e até da zona rural, não conhecem a capital com medo de se perder na cidade e tem medo de afastar-se do hospital. Maioria nem conhece Porto Alegre, vem a primeira vez à capital , dentro de uma ambulância com um ente querido que foi hospitalizado com urgência. É preciso agir Prefeitura de Porto Alegre! E a crítica é construtiva e propositiva;
1 – Estratificar o cadastro moradores de albergues e “pessoas de rua”.
2 – Promover soluções de continuidade para o contingente que estiver disposto a voltar para sua cidade de origem ou desejar tratamento de dependência química, problemas de saúde mental diagnosticados ou não , sejam efetivamente encaminhados.
3 – Terminar com os acolhimentos espontâneos nos albergues , ou seja : É preciso antes
o candidato passar por um filtro técnico da Assistência Social pública.
4 – Conveniar com hospitais da rede SUS, vagas nos albergues.
5 – Redução dos atuais 15 dias para no máximo 7 dias de acolhimento de dias corridos e
no máximo um acolhimento por mês em toda a rede de albergues.
Os albergues são uma ferramenta maravilhosa para oferecer dignidade ao cidadão no
momento difícil da vida, sem julgamentos. A partir do momento em que o patrocinador, (poder público) , torna-se ciente do problema individual, a ação deve ser efetiva, ou deixará de ser caridade e passa a ser descaso ou conivência.
*Rogério Pons da Silva
Jornalista e empresário da indútria
No Ar: Pampa Na Madrugada