Quarta-feira, 09 de Julho de 2025

Home Você viu? Alto custo para se ter um filho faz animais de estimação serem cada vez mais presentes nas famílias

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Com o aumento do custo de vida e das despesas relacionadas à criação de filhos, muitos brasileiros têm optado por adiar a maternidade e a paternidade – ou até mesmo abrir mão desse plano. Em contrapartida, cresce o número de lares com animais de estimação, que se tornaram companheiros cada vez mais presentes no cotidiano das famílias.

Segundo dados do Instituto Pet Brasil, o país já conta com mais de 149 milhões de animais domésticos, entre cães, gatos, aves, peixes e outros. A estimativa é que o setor pet tenha movimentado cerca de R$ 70 bilhões em 2024, impulsionado por uma demanda cada vez mais ligada ao afeto e à substituição parcial de vínculos familiares tradicionais.

Especialistas apontam que a decisão por adotar ou comprar um animal de estimação tem relação direta com fatores econômicos. O custo médio mensal para manter um pet varia entre R$ 300 e R$ 500, valor significativamente inferior às despesas associadas à criação de uma criança, que podem ultrapassar os R$ 2 mil mensais nas grandes cidades.

Além das questões financeiras, há também mudanças culturais em curso. Pesquisas de opinião mostram que parte da geração mais jovem, especialmente entre os 25 e 40 anos, vê os pets como parte da família – em muitos casos, ocupando o espaço que antes era reservado aos filhos. Redes sociais e aplicativos para pets reforçam esse fenômeno, com conteúdos voltados para “pais e mães de pet”.

A urbanização crescente e a vida em apartamentos também contribuem para essa mudança. Animais de pequeno porte, como cães e gatos, exigem menos espaço e são mais adaptáveis à rotina moderna, o que os torna mais compatíveis com o estilo de vida de muitos brasileiros nas grandes metrópoles.

Na visão de sociólogos, essa tendência está conectada a um novo modelo de afeto e convivência. “O pet é visto como um ente da família, mas sem a carga financeira, emocional e social que envolve a criação de um filho humano”, explica Ana Lúcia Tavares, pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Mesmo com a maior presença dos pets, isso não significa que o desejo de ter filhos desapareceu. Muitas famílias consideram os animais como uma preparação emocional para a chegada de um bebê, enquanto outras optam por não ter filhos e concentram seus afetos nos companheiros de quatro patas.

O mercado também se adaptou a essa nova realidade. Há uma explosão de produtos e serviços voltados exclusivamente para animais: planos de saúde, hotéis, creches, alimentação natural, roupas e festas de aniversário para pets são exemplos de um setor que se profissionalizou e se diversificou nos últimos anos.

Contudo, entidades de proteção animal alertam para os riscos do “afeto por impulso”. O crescimento no número de pets também levou a um aumento nos casos de abandono. Adotar um animal exige responsabilidade, cuidados médicos, tempo e atenção – ainda que os custos sejam menores que os de um filho, eles não são inexistentes.

O cenário aponta para uma sociedade em transformação, em que laços afetivos continuam fortes, mas se expressam de maneiras distintas. Em meio a desafios econômicos e novas formas de organização familiar, os animais de estimação ocupam um espaço cada vez mais relevante nos lares e nos corações dos brasileiros.

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