Sábado, 27 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 26 de dezembro de 2025
Cientistas da Northern Arizona University estão desenvolvendo uma nova e promissora forma de detectar a doença de Alzheimer mais cedo do que nunca — acompanhando como o cérebro utiliza o açúcar. Usando pequenas partículas no sangue chamadas microvesículas, os pesquisadores poderão em breve reunir informações específicas do cérebro sem procedimentos invasivos. Se for bem-sucedida, essa abordagem pode transformar o diagnóstico, o monitoramento e até a prevenção do Alzheimer, de maneira semelhante a como os médicos administram doenças cardíacas atualmente.
Pesquisadores da Universidade do Norte do Arizona (NAU, na sigla em inglês) estão testando uma nova abordagem que pode facilitar para os clínicos identificar a doença de Alzheimer mais cedo e retardar sua progressão.
O projeto é liderado por Travis Gibbons, professor assistente do Departamento de Ciências Biológicas. Com apoio parcial de uma bolsa da Associação de Alzheimer do Arizona, o trabalho se concentra no metabolismo cerebral e em como o cérebro utiliza a glicose, o açúcar que alimenta o pensamento, o movimento e a emoção.
“O cérebro é como um músculo”, disse Gibbons. “Ele precisa de combustível para trabalhar, e sua gasolina é a glicose no sangue. Um cérebro saudável é ganancioso; ele queima glicose rapidamente. Mas o metabolismo cerebral é mais lento quando você tem Alzheimer. Isso pode ser visto como um canário na mina de carvão no desenvolvimento da doença.”
Como o cérebro é difícil de alcançar, medir o metabolismo da glicose historicamente tem sido complicado para os pesquisadores. Em estudos anteriores, cientistas às vezes inseriam cateteres em veias do pescoço de um paciente para coletar o sangue à medida que ele deixava o cérebro. Esse tipo de amostragem invasiva não é algo que possa ser feito durante um exame de rotina.
Gibbons e sua equipe da NAU agora estão buscando uma opção mais simples usando kits comercialmente disponíveis projetados para isolar e analisar microvesículas que circulam na corrente sanguínea.
“Algumas dessas microvesículas se originam em um neurônio do seu cérebro, e elas são como mensageiras carregando carga”, explicou Gibbons. “Com esses kits de teste, podemos descobrir que tipo de carga está em uma microvesícula e realizar testes nela. Isso tem sido descrito como uma biópsia do cérebro, mas muito menos invasiva. Esse é o atrativo.”
“Biópsia do cérebro”
O método ainda está sendo desenvolvido, mas pode remodelar a forma como o Alzheimer é detectado e acompanhado ao longo do tempo. Gibbons disse que o fluxo de trabalho é exigente e requer técnica cuidadosa e paciência, mas o possível retorno é significativo.
Em um estudo anterior, Gibbons e colegas administraram insulina pelo nariz, o que ajuda a fazê-la chegar ao cérebro de forma mais eficaz do que as injeções padrão. Depois disso, a equipe coletou sangue que saía do cérebro e identificou biomarcadores ligados à melhora da neuroplasticidade. O grupo agora está tentando encontrar esses mesmos biomarcadores nas microvesículas.
Etapas do estudo
A pesquisa está avançando passo a passo. Gibbons está primeiro validando a abordagem em participantes saudáveis. Em seguida, ele planeja comparar os achados entre pessoas com comprometimento cognitivo leve e pessoas diagnosticadas com Alzheimer para ver se mudanças no metabolismo da glicose podem ajudar a acompanhar como a doença progride.
“A função cerebral é notoriamente difícil de medir, mas estamos ficando cada vez melhores em investigar a função do cérebro por meio de biomarcadores”, disse Gibbons. “Em breve, poderemos ser capazes de ajudar as pessoas a proteger sua saúde cerebral e prevenir a doença de Alzheimer da mesma forma que protegemos as pessoas de doenças cardiovasculares, prescrevendo exercícios moderados e uma dieta saudável. Isso nos ajudará a gerenciar a carga sobre as pessoas que envelhecem e sobre a sociedade como um todo.” Com informações de O Globo.