Quinta-feira, 22 de Maio de 2025

Home Mundo América Latina e Caribe reúnem 9% da população mundial, mas respondem por um terço dos homicídios

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O crime organizado e a violência converteram-se em um obstáculo central ao desenvolvimento da América Latina e do Caribe (ALC), de acordo com um relatório recém-divulgado pelo Banco Mundial. Apesar de abrigar, aproximadamente, apenas 9% da população mundial, a ALC responde por um terço dos homicídios globais.

Entre 2000 e 2009, a taxa média de homicídios da região foi 5,4 vezes maior do que a global (22 homicídios por 100 mil habitantes contra 4,1), situação que se agravou entre 2010 e 2019, quando essa disparidade ficou oito vezes maior (23,9 homicídios por 100 mil habitantes na ALC, ante 3,0 em escala global).

Os indicadores de homicídio na região são muito altos mesmo quando comparados aos de países com renda per capita e níveis de desigualdade semelhantes aos latino-americanos e caribenhos. Ou seja, embora as condições sociais expliquem parte dos alarmantes números de letalidade, outros fatores devem ser considerados.

De acordo com o relatório, há um “excesso” de letalidade na ALC, o que sugere que o crime organizado nessa região é mais letal do que em outras. A conclusão do Banco Mundial baseia-se em análise de pesquisas que permitem a comparação entre países e regiões.

“Um terço das pessoas entrevistadas na Pesquisa Mundial de Valores (WVS, na sigla em inglês) da ALC afirma que elas ou algum familiar havia sido vítima de crime no ano anterior”, destaca o Banco Mundial, enfatizando que tal número é “três vezes maior que a média do resto do mundo”.

Além disso, a maioria dos países não pertencentes à ALC classificados entre os 50 primeiros em matéria de criminalidade apresenta taxas de homicídio inferiores a 10 por 100 mil habitantes, com exceção de Nigéria, África do Sul e Sudão do Sul.

“Em contrapartida, todos os países da ALC no mesmo grupo, exceto Paraguai e Peru, têm taxas de homicídio superiores a 10 por 100 mil habitantes e, em sete países, o número de pessoas assassinadas a cada grupo de 100 mil habitantes é superior a 20.”

É o caso do Brasil, onde, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a taxa de mortes violentas por 100 mil habitantes ficou em 22,8% em 2023, e superou os 30% nas Regiões Norte e Nordeste.

Infelizmente, grupos que atuam em atividades ilícitas estão se expandindo tanto no País quanto na ALC de modo geral, e por uma série de razões, como o aumento da demanda global por cocaína e por ouro ilegal.

É preciso reconhecer ainda que em regiões remotas, e nas quais o Estado é apenas uma miragem, entrar para grupos criminosos pode ser a única “oportunidade de emprego”, sobretudo para homens jovens. A Amazônia é um retrato disso. Estudo de fevereiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que em algumas regiões do Brasil, como a Amazônia, o crime organizado já é o principal empregador.

Por fim, avanços tecnológicos e a grande disponibilidade de armamento facilitaram o crescimento do crime organizado em novas áreas e mercados.

Lidar com esses desafios, segundo o Banco Mundial, exige uma agenda robusta de capacitação do Estado no combate ao crime.

Sobre a polícia, embora seja tentador argumentar a favor do aumento dos contingentes policiais, o órgão internacional pondera que fatores que vão além do tamanho das forças de segurança são determinantes para a eficácia policial.

Remanejar recursos destinados ao patrulhamento para a investigação, melhorar o treinamento e as condições de trabalho das polícias e uma maior integração entre agências locais e nacionais, bem como entre países, podem ampliar a eficiência das forças de segurança na ALC.

Já em relação ao sistema judicial, o relatório destaca a impunidade como um problema significativo. Apoiar mecanismos inovadores de resolução de disputas pode ser um primeiro passo para a retomada do controle do Estado em áreas em que as organizações criminosas “promovem” justiça.

Enfrentar tantos desafios certamente não será tarefa fácil para uma região que tem elevados indicadores de violência, e perspectivas reduzidas de crescimento. A inação de governantes, contudo, custará bem mais caro. Não haverá prosperidade na América Latina e no Caribe sem o combate eficaz ao crime organizado.

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