Sexta-feira, 11 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 10 de julho de 2025
Batatas viraram um item obrigatório do cardápio fitness. São o carboidrato mais onipresente nas marmitas dos “marombas”, geralmente acompanhado de uma proteína magra, como peito de frango e peixe. Mas muita gente acredita que a batata-doce é a única opção recomendável para quem busca a hipertrofia, enquanto a batata inglesa seria uma vilã da boa forma. Verdade ou exagero?
Especialistas dizem que não é bem assim. Tanto a batata-doce quanto a inglesa são boas para quem faz academia. São excelentes fontes de carboidrato, têm quantidades de ferro, fibras e calorias parecidas. Entre as diferenças, a inglesa é mais rica em vitamina C, contém mais amido e menos açúcar.
O grande ponto polêmico da disputa entre os dois tipos de batata é o índice glicêmico, ou seja, a medida que indica a velocidade na qual o carboidrato de um alimento é digerido e absorvido pelo corpo, elevando a glicose no sangue.
Quanto mais rápido o carboidrato é absorvido, maior seu índice glicêmico. Alimentos no topo dessa escala podem causar picos de glicose e maior liberação de insulina. Já aqueles com o índice baixo promovem uma absorção mais lenta, mantendo os níveis de açúcar mais estáveis e prolongando a saciedade.
“A ênfase nesse número vem do início dos anos 2000, quando foi criado um modismo e um marketing em cima desse estilo fitness e começou-se a falar em dietas com baixo índice glicêmico. A batata-doce tem um índice menor do que a batata inglesa, ou seja, a velocidade de liberação da glicose no sangue é mais lenta, o que evita os picos de glicose no sangue”, afirma a nutricionista Priscilla Primi.
Porém, essa comparação não é tão simples quanto parece. Normalmente, quando cozida, a batata inglesa tem um índice glicêmico acima de 70, considerado alto, enquanto o da batata-doce é tido como moderado, entre 44 e 63. Pela medida padrão, alimentos considerados com índices baixos são aqueles menores de 55; já a faixa média fica entre 59 e 69, enquanto os altos superam os 70.
A nutricionista afirma, entretanto, que os números podem variar conforme o tipo de preparação das batatas (ou seja, se ela foi cozida, assada ou frita), a forma de cultivo, a quantidade de fibras e a textura de alimentos. Por isso, muitos especialistas não consideram o parâmetro, isoladamente, uma estratégia ideal de controle alimentar.
“Quando você coloca as batatas acompanhadas de outros tipos de alimentos, como algo rico em fibras ou proteínas, que pode ser até uma salada, a absorção é mais lenta. Então, os dois tipos de batatas acabam ficando muito parecidos”, explica o médico do esporte e nutrólogo Eduardo Rauen, fundador da Liti e diretor técnico do Instituto Rauen.
Outra questão que faz com que a batata inglesa seja considerada uma vilã por algumas pessoas é o uso de agrotóxicos em sua plantação e cultivo.
“A batata-doce é mais resistente aos vermes, insetos e doenças que podem surgir durante a plantação e cultivo, já a batata inglesa precisa costuma exigir mais agrotóxicos para crescer e protegê-la dessas ameaças. Então, quem se interessa e se importa com essa questão acaba preferindo a primeira também por isso”, diz o nutrólogo.
Em vez da vilanização, Rauen recomenda o uso inteligente dos dois tipos de tubérculo na dieta. A batata-doce seria uma melhor opção para antes do exercício físico, visto que ela sobe menos a glicemia e evita os picos de glicose no sangue, que pode dar um efeito rebote. Já a batata inglesa deveria ser ingerida logo após a atividade física, pois o índice glicêmico mais alto faz o açúcar chegar mais rápido às células e auxiliar na reserva do glicogênio.
“Um prato ideal vai depender do tamanho do atleta, se ele é homem ou mulher e o que ele tem em mente: se quer ganhar massa ou emagrecer. Mas, antes do treino, ele pode incluir salada à vontade, legumes e 140 gramas de batata-doce com uma proteína magra (frango ou peixe). Como pós-treino imediato, ele pode optar por uma mandioca de 100 gramas ou 150 gramas de batata inglesa”, diz Rauen.
Academia
Os adeptos de academia e atletas costumam preferir a batata-doce também quando o assunto é emagrecimento. O nutricionista Thiago Monteiro afirma que isso ocorre, em grande parte, pelo mito de que a batata inglesa faz mal ou engorda, apesar de ambas terem quase a mesma quantidade de calorias. Segundo ele, o grande problema está no preparo.
“As pessoas pegam a batata inglesa e fazem batata frita, que é hipercalórico, ou preparam aqueles chips com elas, e até mesmo purê com leite e manteiga, o que a acaba deixando extremamente gordurosa e mais calórica do que ela normalmente é”, diz. (Com informações do jornal O Globo)
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