Quarta-feira, 25 de Junho de 2025

Home Tecnologia “Bill Gates não acreditava que o ChatGPT era o futuro”, afirma brasileiro da DeepMind

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Aos 49 anos, o brasileiro Mat Velloso lidera uma equipe da DeepMind, divisão do Google voltada para inteligência artificial, e está no centro da corrida global por avanços nessa tecnologia. Décadas depois de começar a programar aos 9 anos de idade, Velloso presenciou de perto o nascimento do ChatGPT, chatbot da OpenAI lançado em 2022, e viu como até mesmo Bill Gates foi cético diante do seu potencial.

“Ele achava que podia ser apenas mais uma ferramenta da moda”, contou Velloso, ao lembrar de conversas que teve com o fundador da Microsoft durante seu período de 15 anos na empresa. À época, o ChatGPT ainda era um protótipo apoiado por investimentos de US$ 13 bilhões da Microsoft na então desconhecida OpenAI.

Natural de São Paulo, criado em Belo Horizonte e com passagem por Brasília, onde cursou Administração, Velloso chegou ao Google com a missão de fortalecer a relação com desenvolvedores. Hoje, atua à frente do AI Studio e da equipe DevRel da DeepMind, contribuindo para o desenvolvimento de modelos como o Gemini e o Gemma.

O brasileiro também tem participado de discussões estratégicas sobre como o Brasil pode se posicionar nesse cenário de transformação tecnológica. Segundo ele, o país tem uma chance histórica com a inteligência artificial. “Essa onda vai acelerar 100 anos em cinco. Se o Brasil não surfar nela, vai ficar na pré-história”, alertou.

Velloso lembra de uma conversa recente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a inclusão de IA nas escolas. “Ele estava preocupado com a educação primária e disse que a gente tinha de ensinar IA. Eu disse: não está errado, mas esse retorno leva 10 ou 20 anos. A IA que pode resolver os problemas do Brasil já existe”, explicou.

Embora tenha construído sua carreira fora do país, ele acredita que não é necessário sair do Brasil para atuar com IA. “Tem muitas oportunidades por aí. O importante é aprender a aplicar o que já existe. Nem todo mundo precisa saber como criar IA, mas sim como usar bem”, disse.

Sobre o futuro do trabalho, o programador não enxerga a IA como uma ameaça direta aos empregos, mas como uma mudança de paradigma. “A profissão de programador vai mudar muito. A IA vai superar a capacidade humana de escrever código, mas o valor do programador vai aumentar. Ele terá que saber gerenciar essas ferramentas.”

Velloso citou o impacto do AlphaFold, sistema da DeepMind que previu estruturas de proteínas em escala jamais vista. “Ele fez em um ano o equivalente a 1 bilhão de anos de PhD. Isso não existe. E abriu caminho para pesquisas em medicamentos, cura de doenças, reciclagem. Estamos em uma revolução sem precedentes.”

Para ele, apesar das previsões pessimistas, o desenvolvimento da IA ainda está longe do limite. “Os primeiros GPTs eram lentos. Hoje temos modelos de difusão que geram código em menos de um segundo. Muitos disseram que batemos no teto, mas estamos só começando. Nunca houve tantos incentivos para inovar e otimizar”, afirmou.

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