Domingo, 05 de Maio de 2024

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Não há exceções: todos os institutos de pesquisa estão apontando um crescimento das intenções de voto em Bolsonaro. Lula ainda não caiu, os seus indicadores ainda sugerem uma certa estabilidade. Mas que diminui a diferença, isto não está em dúvida.

Há várias hipóteses para a mudança da curva. Talvez a mais relevante seja o efeito das bonanças eleitorais, a gasolina mais barata, o aumento do Auxílio-Brasil e o “voucher” para caminhoneiros e taxistas, “coincidindo” com as eleições, que estão a menos de 60 dias.

As oposições, o PT, menosprezaram esses favores de última hora, e mais do que ter engolido seco cada um deles, legitimou-os, porque votaram em peso nas proposições do governo. Os políticos, incluindo as oposições, não queriam ser acusados de negar benefícios aos que sofrem na carne as consequências da crise – preço dos combustíveis, alta do custo de vida e inflação.

O caso é que rasparam o fundo do tacho com tais benesses, de resto proibidas de ser concedidas em vésperas de eleição. Foi aí que se criou o “estado de emergência”, uma invenção diabólica, capaz de desequilibrar o embate eleitoral em favor do governo.

Pode-se perguntar: mas o que deveriam fazer as oposições? Elas só tinham um caminho: denunciar a patranha, apontar a malandragem, obstruir as votações, atrasá-las, criar um caso nacional. O que não podiam ter feito – e o fizeram por imperdoável erro de cálculo – era aderir à manobra esperta e ilegal.

O outro dado está na invejável artilharia das redes sociais de Bolsonaro e do bolsonarismo. As oposições estão levando um baile nesse campo da disputa. Me impressionam as esquerdas, seus professores, intelectuais, jornalistas, capazes de dissertar sobre os assuntos mais complexos para explicar a história, a conjuntura e o mundo, mas sucumbem diante de um Carluxo Bolsonaro e seus argumentos ralos, suas insinuações primárias.

Eles vão direto ao ponto e tudo chega turbinado ao público fiel e fanatizado. É difícil o combate porque o meio preferido do bolsonarismo é o alarmismo – não é o que foi, é o que será com Lula: comunismo, ideologia do gênero, legalização do aborto, das drogas, uma nova Venezuela, Cuba, Argentina no Brasil.

No lado de PT, de Lula, das oposições, prevalece a linguagem monocórdica, meio empolada, o golpe contra Dilma, a revogação das reformas trabalhista e previdenciária, o apelo aos “movimentos sociais”, a ditadura militar, as causas identitárias, o sucateamento do Estado, o monopólio da Petrobras.

É inacreditável como não tenha ninguém que perceba: toda a pregação do PT é para dentro, é para os iniciados e simpatizantes – votos que eles já têm.

Se querem derrotar Bolsonaro, é preciso mudar os rumos da campanha. Talvez devessem ouvir o novo aliado André Janones: abandonar a arrogância da elite intelectual, deixar um pouco de lado Chico e Caetano, falar menos em “diretriz de governo” e mais em “propostas para o povo brasileiro” – se embrenhar fundo nas redes sociais, que é por onde passa a informação e a contrainformação no grande Brasil interior, nos templos evangélicos, nas vilas da periferia.

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