Quarta-feira, 03 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 3 de dezembro de 2025
O Ministério da Saúde anunciou que o Brasil atingiu os critérios internacionais para eliminar a transmissão vertical do HIV, quando a infecção passa da mãe para o bebê.
A conclusão aparece no novo boletim epidemiológico de HIV e Aids, publicado nesta semana. A certificação formal pela Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda depende de análise final da entidade.
Segundo o levantamento, a taxa de transmissão vertical ficou abaixo de 2% em 2024 e a incidência da infecção em crianças permaneceu inferior a 0,5 caso por mil nascidos vivos.
O boletim também aponta queda de 7,9% nos diagnósticos de gestantes com HIV (7,5 mil registros) e redução de 4,2% no número de crianças expostas ao vírus (6,8 mil). O início tardio da profilaxia neonatal caiu 54% em comparação ao ano anterior.
O País registrou 9,1 mil mortes por Aids em 2024, recuo de 13% em relação ao ano anterior. É o menor número em 32 anos. Os novos casos também tiveram leve queda: foram 36,9 mil registros no último ano, uma redução de 1,5% na comparação com 2023. Ao todo, o Brasil tem 68,4 mil pessoas vivendo com HIV ou aids.
HIV é o vírus que infecta o organismo; Aids é a fase avançada dessa infecção, quando o sistema imunológico já está comprometido. A pessoa pode viver com HIV sem desenvolver aAds, especialmente com tratamento contínuo, que mantém o vírus controlado e impede a transmissão.
Em nível nacional, a política de prevenção combinada segue em expansão. O uso da PrEP cresceu mais de 150% desde 2023, alcançando cerca de 140 mil usuários. O Ministério da Saúde também ampliou a oferta de exames, adquirindo 6,5 milhões de duo testes para HIV e sífilis — alta de 65% — e distribuindo 780 mil autotestes em 2024.
Para tentar recuperar o uso de preservativos entre jovens, foram incluídas camisinhas texturizadas e sensitivas nas ações de prevenção, com 190 milhões de unidades encomendadas de cada tipo.
Porto Alegre
O boletim epidemiológico do Ministério da Saúde mostrou que Porto Alegre ainda enfrenta desafios para reduzir os elevados índices de HIV e Aids na cidade.
A capital gaúcha apresenta a maior taxa de mortalidade por Aids do país (12,0 por 100 mil habitantes), aproximadamente três vezes acima da média nacional (3,4) em 2024.
Também registra a maior taxa de detecção de infecção pelo HIV entre gestantes, com 14,9 casos por 1.000 nascidos vivos, 4,7 vezes superior ao índice nacional. Porto Alegre lidera esses dois rankings desde 2014.
Além disso, possui a segunda maior taxa de detecção de Aids em crianças menores de 5 anos, com 6,1 casos por 100 mil habitantes, superada apenas por Vitória (10,9).
A cidade também é a terceira capital com maior taxa de detecção de Aids, com 52,6 casos por 100 mil habitantes, atrás de Belém (57,5) e Manaus (53,4), e ocupa a sexta posição na detecção de HIV, com 42,5 casos por 100 mil habitantes.
Esses números colocam Porto Alegre na 1ª posição no ranking dos 100 municípios com mais de 100 mil habitantes no indicador geral de vulnerabilidade epidemiológica, que considera a detecção de Aids na população geral e em crianças menores de 5 anos, a mortalidade e a primeira contagem de células de defesa do organismo (CD4) nos últimos cinco anos.