Quarta-feira, 26 de Março de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 29 de novembro de 2022
Informações fornecidas pelo Ministério da Saúde à equipe de transição para o futuro governo permitem calcular que aproximadamente 13 milhões de doses de vacinas contra covid poderão ser jogadas fora já no início do ano que vem. O motivo é o vencimento do prazo de validade, sem que seja dada ao material a devida destinação.
Existe inclusive uma estimativa extra-oficial que aponta para um prejuízo de pelo menos R$ 2 bilhões aos cofres públicos com o descarte de imunizantes.
A equipe do governo eleito recebeu os dados com preocupação. E não esconde o temor de que a falta de planejamento pela atual gestão da pasta comprometa seriamente o cronograma para uma “super campanha” de vacinação que estaria sendo planejada pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sua equipe.
Integrantes da equipe técnica se reuniram com o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, na semana passada. Na pauta, os técnicos reclamaram da dificuldade para acessar os dados do Ministério da Saúde, que tem alegado “sigilo”.
O grupo de trabalho é composto pelos ex-ministros Humberto Costa, José Gomes Temporão e Arthur Chioro, que concederam entrevista. Eles não confirmaram, porém, a estimativa de prejuízo ou quantidade de vacinas que estão próximas de vencer.
“Apagão”
Na avaliação da equipe de Lula, o País vive na iminência de um “apagão sanitário”, devido a problemas que herdará da atual gestão federal. A lista inclui corte no orçamento, insuficiência de vacinas, falta de medicamentos básicos, queda nos índices de imunização, filas para cirurgias e procedimentos e sonegação de dados.
A conclusão permeia o primeiro “diagnóstico” elaborado pelos coordenadores do Grupo Técnico da Saúde do Gabinete de Transição. “Para 2023, o cenário é de agravamento da crise por falta de recursos”, ressaltou o senador e ex-ministro Humberto Costa. “R$ 10 bilhões dos recursos previstos para o Ministério da Saúde no próximo ano estão destinados ao orçamento secreto.”
Ainda conforme a equipe, programas como Farmácia Popular, Médicos pelo Brasil e Saúde Indígena sofreram cortes de mais de 50%. “Para evitar a piora da crise, o orçamento precisará de acréscimo de R$ 22,7 bilhões, recursos que serão possíveis com a aprovação da PEC [Proposta de Emenda Constitucional] do Bolsa Família”, prosseguiu Costa.
Ele acrescentou: “Não temos a opção de não aprovar essa folga orçamentária para a área da saúde e nem temos a opção de votar ou não votar essa PEC que está lá no Congresso Nacional. Ou votamos ou teremos uma crise profunda no setor e que será profunda também em várias outras áreas”.
Vacinas
O ex-ministro Arthur Chioro apontou que a análise sobre o Programa Nacional de Imunização (PNI) revelou um dos mais graves problemas do Brasil: o risco concreto da volta de doenças: “As vacinas obrigatórias no calendário de vacinação para crianças com menos de 1 ano estão com cobertura inadequada. Todas, sem exceção. O Brasil perdeu a capacidade de fazer aquilo que sempre fez”.
Ele se referiu aos dados até 2015, quando o Brasil mantinha cobertura superior a 95% para todas as vacinas inseridas no calendário nacional. “Essas coberturas foram caindo de tal forma que hoje estamos em uma situação de absoluta insegurança. Então, esse não é o diagnóstico apenas do grupo de transição. É de especialistas, gestores de saúde. Não se trata agora de dizer nós estamos com potencial risco. Ele é concreto”.
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