Quarta-feira, 24 de Dezembro de 2025

Home Saúde Cardiologistas alertam para riscos de infarto no fim do ano

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O consumo excessivo de alimentos gordurosos e álcool, típicos das ceias de fim de ano, combinado com a falhas no uso de medicações são o ambiente perfeito para a chamada Síndrome do Coração de Feriado.

De acordo com especialistas, o período entre Natal e Réveillon registra picos de até 37% em hospitalizações por infarto e pode trazer riscos até para quem não tem problemas cardíacos.

A síndrome pode ainda provocar fibrilação atrial. Segundo a cardiologista Fabiana Hanna Rached, do Incor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), o problema surge após consumo exagerado de curto prazo.

Segundo um levantamento sueco publicado em 2018, o risco de ter o problema na véspera de Natal é 37% maior que em outra data. O estudo avaliou 283 mil casos de infarto do miocárdio registrados ao longo de 15 anos no País (entre 1998 e 2013) comparando a data aos dados de duas semanas para frente e duas para trás do feriado.

O horário mais crítico em infartos no dia 24 de dezembro foi o das 22h, sendo as pessoas mais vulneráveis aquelas com mais de 75 anos e com histórico de diabetes ou doença coronariana prévia.

Os autores indicam que o pico não é aleatório, mas associado a fatores externos típicos da data como estresse emocional agudo (raiva, ansiedade, tristeza, pressão familiar), consumo excessivo de comida e álcool e extremidade climática (principalmente o calor). Diferente do Natal, datas como a Páscoa ou grandes eventos esportivos (como a Copa do Mundo) não mostraram aumento significativo no risco de infarto nessa população.

Para quem já tem diagnóstico ou suspeita de doenças no coração, o cuidado precisa ser redobrado. “É essencial manter corretamente as medicações de uso contínuo sem interromper, organizando os horários para não esquecer”, afirma o cardiologista Firmino Haag, coordenador da Cardiologia do Hospital Albert Sabin.

A ingestão aguda de álcool, diz Rached, altera o sistema elétrico cardíaco, ativa o sistema simpático e desregula eletrólitos, “favorecendo batimentos rápidos e irregulares.” No caso dos alimentos, refeições com alta carga de gorduras saturadas e sal elevam os danos, aumentando a pressão arterial e a inflamação.

De acordo com as novas diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), atualizada em setembro de 2025, as metas para os limites de colesterol LDL e pressão arterial precisam ser mais rídigidas do que se pensava. Os indicadores, assim, devem detectar ainda mais rápido a desestabilização de pacientes que já estavam no limite dos novos parâmetros.

“A atualização da SBC está alinhada com as últimas diretrizes americanas e europeias. A melhor recomendação é evitar excessos e manter ativas as orientações recebidas pelos médicos”, diz o médico Fabio Taniguchi, diretor do serviço de cirurgia cardiovascular do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo.

Taniguchi destaca que, para a Organização Mundial de Saúde (OMS), não existe um nível de consumo seguro para a ingestão de álcool. “A American Heart Association (AHA) reforçou, em julho de 2025, os perigos para a saúde cardiovascular pelo consumo excessivo de álcool em um curto período”, diz Taniguchi.

O médico afirma que a fibrilação atrial é uma consequência mais nocivas da arritmia à saúde coronariana e lembra que há evidências para considerar a progressão acelerada da doença coronariana também em adultos jovens, entre 18 e 30 anos.

Para o cardiologista Haag, as evidências de que o período de festas de fim de ano está associado ao aumento de episódios cardíacos é consistente.

Os problemas ocorrem tanto pelos excessos agudos, como as arritmias do tipo Síndrome do Coração de Feriado, quanto um pequeno aumento nos eventos isquêmicos —infarto ou AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Em pacientes com pré-disposição a doenças cardíacas e com comorbidades associadas, como hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia e obesidade, a situação é ainda pior. “Eventos cardiovasculares como infarto agudo do miocárdio e arritmias graves também podem ocorrer com maior intensidade neste período”, alerta o médico.

Limitar a quantidade de álcool, especialmente em pessoas com histórico de fibrilação atrial ou outras arritmias, e moderar o uso de gorduras saturadas e sal nas ceias são outros pontos. O cardiologia diz que a preferência deve ser por assados magros, como peixes e vegetais. (Com informações do jornal Folha de S.Paulo)

 

 

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