Sexta-feira, 29 de Março de 2024

Home em foco Chefe de hospitais de Paris sugere cobrar gastos de pacientes que não se vacinaram

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O chefe do sistema hospitalar de Paris questionou se pessoas que rejeitam a vacina contra a covid devem continuar recebendo tratamento de saúde público gratuito. Atualmente, 76,1% da população francesa – mais de 51 milhões de pessoas – está totalmente vacinada.

Sob o sistema de saúde universal da França, todos os pacientes com covid que precisam de UTI têm o tratamento totalmente coberto. O custo médio é de € 3 mil (cerca de R$ 18 mil) por dia, e costuma durar de 7 a 10 dias.

“Quando medicamentos gratuitos e eficientes estão disponíveis, as pessoas devem poder renunciar a eles, sem consequências, enquanto lutamos para cuidar de outros pacientes?”, questionou Hirsch, chefe do sistema de Assistência Pública e Hospitais de Paris (AP-HP), em entrevista a uma TV francesa nesta semana. “Não quero fechar as portas do hospital para ninguém, mas devemos incentivar a responsabilidade, que permite que todos se beneficiem.”

Hirsch disse que levantou a questão, pois os custos de saúde estão “explodindo” e o comportamento irresponsável de alguns franceses não deveria comprometer a disponibilidade do sistema para todos os outros cidadãos.

Rejeição

Vários profissionais de saúde rejeitaram a proposta do diretor, e políticos de extrema direita pediram a demissão de Hirsch. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que preside o conselho da AP-HP e é candidata do Partido Socialista nas eleições presidenciais de abril, discordou da sugestão. “Não concordo”, disse. “Definimos uma estratégia, que é a de vacinação. E devemos investir nela.”

O ministro da Saúde, Olivier Veran, não comentou a declaração de Hirsch, mas Olga Givernet, deputada do partido La Republique En Marche!, do presidente, Emmanuel Macron, disse que “a questão levantada pela comunidade médica não pode ser ignorada”.

O economista Jacques Attali criticou a posição de Hirsch. Para ele, rejeitar tratamento gratuito para os não vacinados abre um precedente perigoso. “Então, seria preciso questionar os cuidados de saúde gratuitos aos fumantes, aos que bebem álcool, aos que têm excesso de peso ou são responsáveis por um acidente de trânsito”, escreveu Attali no Twitter.

Olivier Besancenot, portavoz do Novo Partido Anticapitalista (NPA), de extrema esquerda, também criticou Hirsch. “Eles acabaram com 5,7 mil leitos hospitalares no meio da crise sanitária. Mesmo assim, eu não desejo a ninguém, nem a eles, que paguem por uma UTI”, afirmou. “Hirsch deveria baixar o tom e resolver os problemas reais de asilos e hospitais.”

Cingapura

A ideia de Hirsch, no entanto, não é nova. O deputado conservador Sebastien Huyghe – autor de um projeto rejeitado pelo Parlamento que faria os não vacinados pagarem parte de seus gastos médicos – disse que o objetivo não era recusar tratamento aos não vacinados em UTIS, mas fazê-los pagar uma contribuição mínima para o custo de seus cuidados.

A proposta seria semelhante ao que ocorre em Cingapura, onde as pessoas que rejeitam as vacinas devem pagar por seu tratamento médico. O país tem uma das maiores taxas de vacinação do mundo. De acordo com o Ministério da Saúde de Cingapura, a conta para pacientes com covid-19 não vacinados, que precisam de cuidados intensivos, é de cerca de US$ 18,5 mil (cerca de R$ 99,8 mil).

Uma pesquisa do Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop), de meados de janeiro, mostrou que 51% dos franceses consideravam justo que as pessoas não vacinadas que precisam de UTI deveriam pagar parte ou toda a conta do hospital.

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