Quinta-feira, 29 de Maio de 2025

Home Saúde Cientista cria empresa para mapear DNA dos brasileiros e melhorar a saúde da população

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A geneticista Lygia da Veiga Pereira afirma ter uma missão clara: melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. Para isso, criou a empresa gen-t (pronuncia-se “gente”), voltada para o mapeamento genético da população com o objetivo de desenvolver tratamentos e medicamentos mais eficazes, adaptados às características específicas de diferentes grupos.

Neta do editor José Olympio, Lygia conta que quase seguiu a carreira do avô, mas acabou sendo influenciada pelo ambiente escolar, e não pelo familiar, ao optar pela ciência. “Acho que isso é muita influência dos professores que vamos encontrando no meio do caminho”, diz.

A gen-t nasceu da união entre ciência e inovação tecnológica. O nome da empresa, segundo ela, remete à junção de “gene” com “tecnologia”, mas também representa um projeto voltado para a “gente” – a população brasileira. “O que nós queremos é aproveitar a riqueza da diversidade genética da população brasileira para fomentar, acelerar a inovação na indústria da saúde. O que a gente quer é trazer à tona essa diversidade e, a partir dela, um milhão de conhecimentos novos podem surgir. E muitos deles aplicados para melhorar a saúde do brasileiro”, explica.

A empresa começou a ser idealizada em 2017, quando uma série de artigos científicos mostrou como os estudos genéticos humanos poderiam melhorar a saúde das pessoas por meio da chamada medicina de precisão. Lygia percebeu, no entanto, que os dados utilizados nesses estudos eram majoritariamente de pessoas brancas, de ancestralidade europeia, devido ao alto custo das tecnologias de sequenciamento, concentradas na Europa e nos Estados Unidos. “De repente, a comunidade científica se dá conta que a gente está desenvolvendo essa medicina de precisão para populações brancas, que ela é precisa mesmo só para gente de ancestralidade europeia. Nesse momento, eu falei: precisamos fazer isso aqui no Brasil, porque, se a gente não fizer, não poderemos incluir a nossa população na medicina de precisão.”

O funcionamento da gen-t envolve um amplo projeto de pesquisa com voluntários. As pessoas interessadas respondem a um questionário sobre estilo de vida e passam por um check-up com aferição de medidas como altura, peso e pressão, além de exames de sangue. “Queremos ter uma fotografia da saúde daquele indivíduo”, diz Lygia. Após o consentimento formal, o participante pode autorizar o uso comercial dos dados e o acesso ao seu histórico de saúde. O sangue doado é transformado em DNA no laboratório, sequenciado e convertido em dados que alimentam a plataforma da empresa.

Para a geneticista, é pouco provável que medicamentos sejam desenvolvidos para um único indivíduo ou família, por conta do custo. No entanto, acredita que a tendência será produzir remédios mais específicos para grupos com características genéticas semelhantes. “Você vai entender melhor que tem um certo porcentual da população que tem uma variação genética específica, que faz com que o remédio A seja mais efetivo do que o remédio B”, afirma.

Atualmente, por exemplo, o tratamento com antidepressivos ainda é baseado em tentativa e erro. “O que a gente pretende é saber quais são as variações genéticas de cada um de nós que vai fazer com que determinado remédio seja eficiente para uma pessoa ou outra.”

Para Lygia, adaptar os avanços científicos às peculiaridades genéticas de diferentes grupos é essencial para democratizar os benefícios da medicina de precisão.

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