Quinta-feira, 18 de Abril de 2024

Home Você viu? Clima está tornando a Austrália cada vez mais inabitável

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Sam Bowstead é um arquiteto especializado em preparar casas para resistir a desastres naturais. Mas quando as inundações engoliram a própria residência dele em Brisbane, em fevereiro, ele passou a se sentir impotente.

“Eu trabalhei com pessoas que estiveram em situações semelhantes. Agora isso aconteceu comigo”, diz ele.

“Fiquei chocado com o quão rápido [a água] subiu… mais de um metro em algumas horas. Passei de preocupado com a nossa propriedade para preocupado com a nossa segurança.” No final, um barco foi a única saída.

A experiência de Bowstead tornou-se cada vez mais comum para os australianos. Nos últimos três anos, incêndios florestais e inundações recordes mataram mais de 500 pessoas e bilhões de animais. Secas, ciclones e marés altas assolam as comunidades.

A mudança climática é uma preocupação fundamental para quem vai votar nas eleições da Austrália neste sábado (21), assim como o custo de vida – e essas questões estão convergindo como nunca antes.

Crise nos seguros

A Austrália está enfrentando uma “crise de segurabilidade”, com uma em cada 25 casas a caminho de se tornar inelegível para ser coberta por seguro até 2030, de acordo com um relatório do Climate Council. E uma em cada 11 corre o risco de ficar com seguro insuficiente.

O seguro para as casas de maior risco será proibitivamente caro ou recusado pelos provedores, diz o Climate Council, que criou um mapa interativo para os australianos pesquisarem.

O Estado australiano mais exposto

O maior problema é em Queensland, Estado que abriga quase 40% das 500.000 casas que, em breve, não serão mais cobertas por seguros.

Queensland foi devastada por inundações nos últimos meses. Em fevereiro, a capital do Estado, Brisbane, teve mais de 70% de sua precipitação média anual em apenas três dias.

“Ainda me sinto bastante traumatizada quando chove muito”, diz Michelle Vine, cuja casa em East Brisbane foi destruída junto com décadas de suas obras de arte. “Tivemos que sair da casa, ela se tornou inabitável.”

As seguradoras dizem que as inundações, que também atingiram Nova Gales do Sul, se tornarão o evento climático mais caro da Austrália. Mas mesmo antes deste ano, os custos de seguro dispararam.

Embora o aumento dos preços dos imóveis seja um fator, o principal órgão da indústria de seguros da Austrália aponta o dedo para as mudanças climáticas.

O Conselho de Seguros da Austrália diz que nenhuma parte do país está atualmente sem seguro, mas há “claramente preocupações de acessibilidade e disponibilidade”.

Em média, os consumidores agora pagam quase quatro vezes mais pelos prêmios de seguro residencial do que em 2004.

No norte da Austrália, esses números são ainda mais extremos – em alguns casos, 10 vezes maiores do que em outros lugares.

Mais australianos estão sendo forçados a fazer um seguro insuficiente – comprar apólices mais baratas que cobrem muito pouco – ou abrir mão completamente do seguro.

Então, o que pode ser feito?

O governo prometeu bilhões para ajudar a “ressegurar” as seguradoras contra grandes sinistros resultantes de desastres, argumentando que isso reduzirá pela metade os prêmios para as pessoas no norte da Austrália.

Mas é uma política arriscada, e não é algo que o Conselho de Seguros da Austrália ou o órgão de fiscalização da indústria do país desejavam.

Os críticos apontaram que os desastres agora são frequentemente devastadores em áreas fora do norte da Austrália que não serão cobertas pela política.

Em vez disso, eles estão pedindo que o governo limite o desenvolvimento de áreas residenciais em áreas de alto risco, considere comprar imóveis de alguns proprietários ou crie incentivos para que as pessoas tornem suas propriedades resistentes a desastres.

Mas a resposta óbvia é abordar seriamente o problema da mudança climática, diz Settle – embora isso seja algo que sucessivos governos têm relutado em fazer.

Após grandes incêndios florestais em 2019 e 2020, os australianos foram orientados a se preparar para um futuro “alarmante” de desastres simultâneos e cada vez mais graves.

No entanto, para uma nação tão exposta às mudanças climáticas, a Austrália continua sendo um dos maiores emissores do mundo por habitante.

O governo do primeiro-ministro Scott Morrison prometeu reduzir as emissões em 26% até 2030. Os trabalhistas, sob Anthony Albanese, prometeram um corte de 43%.

Ambas as metas estão abaixo dos 50% recomendados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, das Nações Unidas.

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