Terça-feira, 10 de Dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 18 de julho de 2023
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) – uma espécie de “prévia do BC” para o Produto Interno Bruto (PIB) – aponta que a economia brasileira teve forte retração em maio. A queda foi de 2%, já descontados os efeitos sazonais. Abril havia registrado alta de 0,81%.
O fim das safras de soja e milho, que empurraram para cima os índices nos primeiros meses do ano, é apontado como fator que mais influenciou a queda. Economistas e analistas de mercado demonstraram surpresa com o IBC-Br.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o resultado era “esperado”, diante do patamar “muito elevado” do juro real no País. O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, também criticou os juros, que chamou de “escandalosos”. Apesar do recuo em maio, o IBC-Br acumula alta de 3,43% em 12 meses.
A economia brasileira apresentou forte retração em maio, de acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). O indicador, que é uma espécie de “prévia do BC” para o Produto Interno Bruto (PIB), caiu 2% já livre de efeitos sazonais, revertendo alta de 0,81% que havia registrado em abril.
Influenciada principalmente pelo fim das safras de soja e milho, maiores do que inicialmente esperado, a queda forte do IBC-Br surpreendeu economistas e analistas de mercado. De acordo com as expectativas, as previsões variavam de uma queda de 1,2% até uma alta de 1% para o indicador em maio. A mediana das projeções era negativa, mas de apenas 0,1%.
“Como tivemos um desempenho forte desses grãos (grandes safras de soja e milho) nos primeiros meses do ano, ou eles precisavam repetir o comportamento em maio, ou algum outro vetor (setor) precisava substituí-lo, o que não aconteceu”, disse Antonio Ricciardi, economista da GO Associados, sobre o tombo do indicador em maio.
Ao comentar o resultado do IBC-Br, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que era “esperado” diante do patamar “muito elevado” do juro real no País. Haddad se disse ainda preocupado com a situação e ironizou afirmando que a desaceleração da economia “pretendida” pelo Banco Central “chegou forte”.
“A pretendida desaceleração da economia pelo Banco Central chegou forte e a gente precisa ter muita cautela com o que pode acontecer se as taxas (de juros) forem mantidas na casa de dez (pontos porcentuais). É muito pesado para a economia, está muito pesado para a economia”, disse.
Também sem se ater aos dados objetivos que levaram à queda do índice, o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, atacou os juros altos “escandalosos” segundo ele, ao falar ontem do IBC-Br.
O incômodo do governo com o mau desempenho do indicador se explica. No final de maio, o Ministério da Fazenda aumentou sua projeção para o PIB deste ano, de 1,61% para 1,91%. Na ocasião, o secretário de Política Econômica (SPE) da Fazenda, Guilherme Mello, disse que o resultado poderia ficar mais perto de 2,5%. A estimativa do BC para o PIB de 2023 é de alta de 2%, segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado no mês passado.
Aperto
Entre os economistas e analistas de mercado, o IBCBr de maio é um importante sinalizador do que vem pela frente. Gabriel Couto, economista do Santander Brasil, disse que o recuo além do esperado reforça a visão de que os dados mais positivos de atividade que foram registrados no primeiro trimestre tendem a ficar restritos ao período.
“A tendência é de variações na vizinhança de zero. A perspectiva de um PIB estagnado no período está se consolidando cada vez mais”, disse Couto, referindo-se às projeções do banco para o desempenho do PIB no segundo trimestre.
Ricciardi, da GO Associados, lembrou que foi a agricultura a grande surpresa positiva do desempenho do PIB do primeiro trimestre, uma vez que as performances mais fracas de indústria, serviços e varejo já eram esperadas. “Esses outros setores seguem em baixa, com impacto do juro alto e das condições financeiras apertadas”, salientou o economista.
Na avaliação de Ricciardi, vetores favoráveis que podem impulsionar a economia, como a confirmação do corte na taxa Selic em agosto pelo BC, podem trazer impacto positivo para a atividade doméstica. Mas se de fato isso ocorrer, ressaltou ele, seus efeitos só devem ser percebidos nos últimos meses do ano, em novembro ou dezembro.
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