Sexta-feira, 26 de Abril de 2024

Home em foco Crise na Ucrânia: estratégia de Putin mescla diplomacia e pressão militar; entenda

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Com a Rússia realizando uma enorme escalada militar perto da Ucrânia e o Ocidente rejeitando repetidamente as exigências de segurança de Moscou, uma janela diplomática para a crise no Leste Europeu parece estar se fechando.

Mas mesmo enquanto Moscou continua a reforçar suas tropas e mantém exercícios militares, o presidente Vladimir Putin está mantendo a janela aberta para mais negociações, em um jogo diplomático temerário e calculado, destinado a persuadir Washington e seus aliados a aceitar as exigências da Rússia.O Ocidente teme que uma invasão russa da Ucrânia seja iminente, enquanto a Rússia afirma que não tem planos de fazê-lo, mas quer que suas preocupações de segurança sejam abordadas.

Entenda a estratégia do Kremlin no impasse com a Ucrânia:

Demandas e respostas – A Rússia quer que os EUA e seus aliados impeçam a Ucrânia e outras ex-nações soviéticas de ingressarem na Otan. Além disso, exige que o bloco ocidental se abstenha de posicionar equipamentos militares próximos a Rússia, e que recuem suas forças da Europa Oriental.

Washington e a Otan rejeitam categoricamente essas demandas, mas também estão se oferecendo para discutir possíveis limites no uso de mísseis, maior transparência nos exercícios militares e outras medidas de construção de confiança.

Putin ainda não deu a resposta formal de Moscou às propostas ocidentais, mas já as descreveu como secundárias e alertou que não aceitaria um “não” como resposta às suas principais demandas. Ele rebateu o argumento ocidental sobre a Otan ter uma política de portas abertas, argumentando que isso ameaça a Rússia e viola o princípio da “indivisibilidade da segurança” consagrado em acordos internacionais.

Demonstração de força militar – Com o Ocidente rejeitando suas principais demandas, o Kremlin aumentou as apostas concentrando mais de 100 mil soldados perto da Ucrânia e realizando uma série de manobras militares do Oceano Ártico ao Mar Negro.

Como parte da demonstração de força, Moscou transferiu trens carregados de tropas, tanques e armas do Extremo Oriente e da Sibéria para Belarus para a realização de exercícios militares conjuntos, despertando preocupações ocidentais de que a Rússia possa usá-los como cobertura para uma invasão.

Washington e seus aliados ameaçam com sanções sem precedentes no caso de uma invasão, incluindo uma possível proibição de transações em dólares, restrições draconianas às principais importações de tecnologia, como microchips, e o fechamento de um gasoduto russo recém-construído para a Alemanha.

O governo do presidente Joe Biden também enviou reforços para a Polônia, Romênia e Alemanha em uma demonstração do compromisso de Washington de proteger o flanco leste da Otan. Os EUA e seus aliados entregaram aviões carregados de armas e munições para a Ucrânia.

Escalada calculada – Ao concentrar tropas na fronteira, que poderiam atacar a Ucrânia de várias direções, Putin demonstrou estar pronto para escalar a crise para atingir seus objetivos.

“Putin parece muito confiante e está exibindo um alto nível de tolerância ao risco”, disse Ben Hodges, que serviu como comandante geral do Exército dos EUA na Europa e agora trabalha no Centro de Análise de Políticas Europeias. “Ele parece empenhado em aplicar pressão máxima sobre o Ocidente nesta crise autofabricada, na esperança de que a Ucrânia ou a Otan acabem fazendo concessões”.

Alguns observadores esperam que Putin aumente ainda mais as tensões ao expandir o escopo e a área dos exercícios militares.

Fiodor Lukianov, chefe do Conselho de Políticas Externas e de Defesa, com sede em Moscou, que segue de perto o pensamento do Kremlin, previu que uma recusa ocidental em discutir as principais demandas da Rússia desencadearia uma nova rodada de escalada.

“Logicamente, a Rússia precisará aumentar o nível de tensões”, disse Lukianov. “Se as metas estabelecidas não estão sendo alcançadas, então você precisa aumentar a pressão – antes de tudo através de uma demonstração de força.”

Lukianov disse que, embora invadir a Ucrânia não seja o que Putin quer, ele pode desafiar o Ocidente por outros meios.

“A ideia, conforme imaginada por Putin, não era resolver a crise ucraniana por meio da guerra, mas trazer o Ocidente para a mesa de negociações sobre os princípios dos arranjos de segurança europeus”, observou . “No momento em que a Rússia começar uma guerra contra a Ucrânia, todo o jogo anterior terminará e o novo jogo acontecerá em um nível de risco absolutamente diferente. E tudo o que sabemos sobre Putin é que ele não é um jogador. Ele é um estrategista”.

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