Por Redação Rádio Pampa | 16 de maio de 2025
Um estudo internacional de grande escala, conduzido ao longo de sete anos, reuniu esforços de 12 laboratórios localizados nos Estados Unidos, Europa e China para investigar a atividade cerebral relacionada à consciência. A pesquisa contou com a participação de 256 voluntários, que foram monitorados enquanto observavam imagens de rostos e objetos. O objetivo era compreender melhor os mecanismos neurais que sustentam a consciência humana.
Segundo o jornal português SIC Notícias, os cientistas utilizaram uma combinação de tecnologias avançadas para medir diferentes aspectos da atividade cerebral. Entre os dados coletados estavam medições elétricas, magnéticas e de fluxo sanguíneo cerebral — abordagens complementares que permitiram uma análise abrangente do funcionamento do cérebro durante o processamento visual.
Os resultados obtidos desafiam diretamente as duas principais teorias contemporâneas sobre a origem da consciência. A primeira delas, a Teoria do Espaço de Trabalho Neuronal Global (Global Neuronal Workspace Theory – GNWT), propõe que a consciência emerge nas regiões frontais do cérebro, especialmente ligadas à inteligência, raciocínio e tomada de decisões. A segunda, conhecida como Teoria da Informação Integrada (Integrated Information Theory – IIT), defende que a consciência resulta da integração de informações entre diversas áreas cerebrais, sem atribuir um foco específico a regiões frontais ou posteriores.
Contudo, os dados revelaram um padrão inesperado: os sinais neurais mais fortemente associados à consciência estavam concentrados no córtex posterior, e não nas áreas frontais como sugerido por algumas teorias. Essa região posterior do cérebro está tradicionalmente ligada ao processamento sensorial, incluindo visão, audição e percepção espacial, o que sugere que a consciência pode estar mais relacionada à forma como experimentamos o mundo sensorial do que à nossa capacidade de refletir ou planejar.
O neurocientista Christof Koch, do Instituto Allen de Ciências do Cérebro, em Seattle, comentou sobre os achados, destacando que os dados “apontam claramente para o córtex posterior como a principal sede da atividade consciente observada nos experimentos”. Ele ressalta que essa descoberta pode ter implicações clínicas relevantes. Em especial, pode melhorar os métodos de avaliação em pacientes que se encontram em estado de coma ou com consciência mínima, permitindo detectar níveis de consciência que passam despercebidos pelas abordagens tradicionais baseadas em respostas comportamentais.
Esse estudo representa um avanço importante na compreensão do fenômeno da consciência e reforça a necessidade de revisar e refinar os modelos teóricos existentes, à luz de evidências empíricas robustas.
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